Dia 5: Lyon montou camas de campanha para as “caravanas humanitárias” que passam por França (e para os refugiados que chegam)

A exigência de passaporte internacional, de certificados de vacinação contra a covid-19 ou de teste para a infecção ao novo coronavírus e a proibição da estadia a animais de companhia diminuem ainda mais as opções de alojamento. É esperado que a “caravana humanitária”, que partiu de Portugal a 8 de Março, chegue esta segunda-feira, 14.

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Tiago Lopes

Encontrar alojamentos para cerca de 300 pessoas e uma dezena de animais seria sempre “uma das partes mais difíceis da viagem” de uma “caravana humanitária” que está de regresso a Portugal. “Só não sabíamos quão difícil”, comentava ainda em Cracóvia Estefânia Martins, uma das principais organizadoras da viagem de seis mil quilómetros que juntou 60 voluntários e 241 pessoas que foram forçadas a sair da Ucrânia desde a invasão russa.

A exigência de passaporte internacional, de certificados de vacinação contra a covid-19 ou de teste para a infecção ao novo coronavírus e a proibição da estadia a animais de companhia diminuem ainda mais as opções de alojamento que, com poucos dias de preparação, já seriam escassas.

Poucos conseguiram dormir tranquilamente na última noite em Lyon, nos dois alojamentos temporários montados nos últimos dois dias. “Noite horrível, não?”, pergunta Tatiana Nazarchuk-Kasianenko, de manhã, durante uma paragem rápida no balneário do pavilhão desportivo Sports Hall. As caixas de pasta de dentes e de escovas novas amontoam-se. “Brrrr”, despede-se, cúmplice, antes de sair. O filho mais velho, David, dormiu nas camas de campanha junto a outros adolescentes, que se conheceram durante a saída forçada da Ucrânia. Andam sempre juntos.

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O pavilhão Sports Hall, muito perto do centro da cidade francesa, tinha algumas tendas para dar maior privacidade às famílias, mas a maior parte das pessoas dormiram em camas de campanha alinhadas, com sacos-cama ou cobertores. À chegada, voluntários da Cruz Vermelha pedem os nomes e os documentos, “só para ser mais fácil escrever os nomes”, explicam, e fazem um registo de chegada, num caderno. Poucos voluntários decidiram ir para hotéis próximos do pavilhão.

Uma equipa de um jornal local estava a postos para filmar a chegada da “caravana”. Grégory Doucet, o presidente da câmara que ganhou as eleições de 2020 pelos Verdes, com a justiça social e a ecologia como bandeiras, visitou os dois ginásios e a cantina que ofereceu refeições quentes à chegada. Doucet descreveu os alojamentos como sendo um “acolhimento digno e reconfortante”.

A Cruz Vermelha Francesa começou a 10 de Março a montar centros de alojamento de emergência, quer para as pessoas que fugiram da guerra e chegam a Lyon, quer para as que passam pelo país, a caminho de Portugal, Espanha ou Itália. Existem outras estruturas mais permanentes, caso as pessoas procurem uma estadia mais prolongada.

O choro dos bebés e o latir dos cães, a ecoar num pavilhão desportivo, assim como o frio, acordaram muitos durante a noite.

Tiago Lopes
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Ainda nem tinham tomado café e os voluntários portugueses já procuravam quartos de hotel para todos, na próxima noite, em Salamanca. Ficou decidido que se espalhariam por hotéis pela cidade espanhola. Há condutores que consideram seguir viagem directamente de Lyon para Portugal.

Em Lisboa, os voluntários que ficaram a organizar a chegada já visitaram o centro de recepção preparado pela Protecção Civil e pela Cruz Vermelha Portuguesa. Será o primeiro ponto de contacto para as famílias que não têm ninguém à sua espera em Portugal.

É esperado que a “caravana humanitária”, que partiu de Portugal a 8 de Março, chegue esta segunda-feira, 14.

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