A magia do Mali foi preservada digitalmente

Mali Magic, projecto da Google Arts & Culture, digitalizou mais de 40 mil manuscritos antigos resgatados de Tombuctu, e deu-os a conhecer esta quinta-feira com a ajuda de música de Faoutmata Diawara e a voz de Morgan Freeman.

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São mais de 40 mil documentos que foram digitalizados e preservados, para mostrar a herança cultural do Mali Google/Passion Paris

Ao longo de sete anos, um trabalho de digitalização tentou preservar centenas de milhares de manuscritos que foram resgatados de Tombuctu, no Mali, zona de uma enorme herança cultural. São manuscritos que não foram para museus, ficaram no seio de famílias, passados de geração para geração.

Esse trabalho pode hoje ser pesquisado, com alguma contextualização, já que muitos estão escritos numa forma antiga de árabe, na plataforma Google Arts & Culture. Sob o nome Mali Magic, foram publicados, esta quinta-feira, esses documentos. São mais de 40 mil. Vêm acompanhados por vários conteúdos relacionados com música, incluindo um EP, Maliba, da cantora/compositora Fatoumata Diawara, ou vários músicos do Mali a interpretarem Howkouna, tema do lendário Ali Farka Touré, DJ Spooky a traçar a origem dos blues no Mali, uma galeria de instrumentos raros da zona ou uma curta-metragem narrada por Morgan Freeman que conta a história da associação musical Timbuktu Renaissance, entre muitos outras viagens pela enorme riqueza musical do Mali. Também há visitas virtuais a monumentos históricos e espaço para arte contemporânea. São quatro, as secções: manuscritos, música, monumentos e arte moderna.

No vídeo de apresentação do projecto, Abdel Kader Haidan, conhecido como um dos Bad-Ass Librarians of Timbuktu, sobre quem em 2016 Joshua Hammer escreveu um livro, além de director do projecto SAVAMA - Manuscript Digitization & Curation, explica que estes manuscritos, feitos entre o século XII e o século XX, em períodos de grande vivacidade, quando, antes do século XVII, Tombuctu era um grande entreposto comercial no deserto do Sara, contrariam a ideia de que a História em África é oral.

Estes documentos, que versam sobre todo o tipo de temas, entre moral, política, literatura, ética, medicina, geografia, tolerância, direitos humanos, direitos das mulheres, astronomia, etc., estiveram em risco em 2012, quando o grupo terrorista Ansar Dine destruiu parte deles, tendo Haidan e os seus associados conseguido salvar 95% desses manuscritos.

O Google Arts & Culture está em funcionamento desde 2011 e pretende disponibilizar imagens e vídeos de alta qualidade de cultura à volta do mundo.

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