Voluntária da Letónia viajou até à Ucrânia para resgatar animais de companhia
Rasma Krecia, da Letónia, já resgatou cães e gatos e pretende levá-los para um “sítio seguro”, enquanto a guerra na Ucrânia continua. “Se tenho uma oportunidade, se tenho uma carrinha grande, se consigo resgatar alguns animais para um lugar seguro, não consigo ficar em casa.”
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Num abrigo de animais na cidade de Lviv, no Oeste da Ucrânia, Natalia Horobets despediu-se, emocionada, do gato Charly, esta segunda-feira, 7 de Março. Natalia e o marido fugiram de casa na cidade de Kramatorsk, enquanto as tropas ucranianas lutavam contra os invasores russos.
Após uma viagem complicada para oeste num comboio sobrelotado, decidiram não levar o seu animal de companhia, por terem concluído que começar uma nova vida a centenas de quilómetros de casa já seria difícil o suficiente sem terem de cuidar de um gato hiperactivo.
“A nossa viagem de comboio durou 40 horas”, conta Natalia Horobets em Lviv, cidade que, juntamente com o resto do Oeste da Ucrânia, tem resistido ao conflito. “Estavam imensas pessoas e tínhamos medo de que o gato fosse atropelado.”
Rasma Krecia, uma voluntária da Letónia, espera resgatar Charly e dezenas de outros animais de companhia ao longo da fronteira com a Polónia até a guerra terminar. “Vamos tentar socorrer o maior número possível de animais que consigamos e levá-los para a Letónia, de volta para a Europa, de volta a um sítio seguro”, afirma Rasma Krecia na Casa para Animais Resgatados em Lviv, onde se encontrava a carregar três carrinhas com o primeiro grupo de cães e gatos.
Esta voluntária não conseguiria ficar na Letónia sem fazer algo, diz à Reuters. “Se tenho uma oportunidade, se tenho uma carrinha grande, se consigo trazer comida para aqui e resgatar alguns animais para um lugar seguro, não consigo ficar em casa.”
Antes da guerra, o santuário de Lviv lidava com animais selvagens e de rua, mas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de Fevereiro último, tem resgatado mais animais de pessoas que fogem da guerra. Actualmente, cães, gatos e até um rato de companhia disputam a atenção, assim como raposas e cegonhas.
Quando a Reuters visitou o centro, um residente de Lviv apareceu com seis cachorros que um amigo encontrou, três dias antes, num caixote numa estação de comboio, por onde centenas de deslocados internos passam diariamente.
Ao mesmo tempo que Rasma Krecia se preparava para colocar gaiolas nas carrinhas, a família Horobets despediu-se pela última vez do seu gato. “Charly, meu pequenino, vais voltar para casa, mas vais precisar de ficar num sítio diferente do nosso por enquanto, vais estar bem ali”, disse Natalia Horobets. O marido, Volodimir, afirma que não sabem como será o futuro dos dois: “Esperamos que a Ucrânia resista e vença e que possamos voltar para casa.”