McDonald’s encerra restaurantes na Rússia, uma “suspensão” icónica. Pepsi, Coca-Cola e Starbucks também param

Existem 850 restaurantes McDonald’s no país. Empresa, que abriu o primeiro restaurante em Moscovo antes do fim da URSS e se tornou um ícone dos ventos de mudança, garante salários a cerca de 62 mil empregados. A decisão foi seguida pela Pepsi, Coca-Cola e Starbucks.

Foto
Mcdonald's em Moscovo Reuters/MAXIM ZMEYEV

“Juntámo-nos ao mundo na condenação da agressão e da violência e rezamos pela paz”, diz o CEO da McDonald's, Chris Kempczinski, num comunicado em que anuncia o “encerramento temporário dos restaurantes e uma pausa nas operações” na Rússia, juntando-se assim a centenas de empresas internacionais que suspenderam actividade no país.

A McDonald's está presente na Rússia em 850 locais, contando com cerca de 62 mil empregados, além de “centenas de parceiros locais”, entre fornecedores e produtores, destaca-se no documento.

Ao contrário do que sucede noutros mercados, onde a opção geral é o franchising da marca, opera directamente na Rússia, gerindo 84% dos restaurantes com a chancela, refere a CNN, citando os relatórios de contas do ano passado. A estes juntam-se 108 restaurantes na Ucrânia, igualmente operados pela McDonald's. Ambos os mercados, sublinha-se, representam 9% dos resultados financeiros da empresa.

Ao mesmo tempo que anuncia a suspensão de operações, uma decisão que se sucede a campanhas nas redes a pressionar para essa decisão, a McDonald's garante que apesar de encerrados os negócios, irá continuar a pagar salários. “Isto inclui a continuação do pagamento de salários a todos os empregados” na Rússia, assegura-se. “Servimos todos os dias milhões de clientes russos que contam com a McDonald's. Nos mais de trinta anos em que a McDonald's opera na Rússia, tornámo-nos uma parte essencial de 850 comunidades”.

Na comunicação enviada aos empregados e partilhada no site da marca, o CEO Kempczinski destaca ainda que a empresa “prestou apoio financeiro imediato” aos seus trabalhadores na Ucrânia. “Continuamos a pagar salários na íntegra aos nossos empregados ucranianos e doámos 5 milhões de dólares para o nosso Fundo de Assistência a Empregados”, sublinha, adiantando: “Continuamos a apoiar os esforços de ajuda liderados pela Cruz Vermelha Internacional na região”.

Segundo o responsável, o apoio de todo o universo McDonalds é, porém, mais abrangente: “Na Polónia e em muitos outros mercados por toda a Europa, o nosso sistema abriu literalmente as suas casas, os seus corações, e os seus restaurantes”. Através da fundação Ronald McDonald ligada à empresa, foi enviado apoio móvel para a “fronteira polaco-ucraniana para prestar cuidados médicos e ajuda humanitária a famílias e crianças”. Outro apoio estará “a caminho da Letónia”.

Na Ucrânia, o mesmo sistema ajuda a “distribuir material médico e a fornecer ajuda humanitária em todo o país, e os seus programas estão a ser reequipados para utilização pelo pessoal hospitalar”.

A McDonald's é uma imagem icónica dos tempos de abertura soviética; aliás, chegou até um pouco antes do fim da USSR. O primeiro restaurante abriu em Moscovo a 31 de Janeiro de 1990 (a URSS foi dissolvida oficialmente no final de 1991) e foi o primeiro negócio de restauração estrangeiro. Sinal da abertura, logo na estreia tornou-se sinal do apetite pelo consumismo do mundo ocidental, aqui em forma de fast food. As fotografias de longas filas de clientes a aguardarem horas e horas para provarem um hambúrguer McDonald's correram mundo e fizeram história: no primeiro dia, o restaurante foi visitado por cerca de 30 mil pessoas.

“Foi o novo vento que soprou de repente, a multidão estava lá a dizer ‘Ooooh, McDoonalds’, Oh, é Macdooonald's!’ Algo que vinha do Oeste. Algo incrível. Estava toda a gente na fila por alguma coisa incrível”, recordava Regina Cherepkova, uma moscovita que recordou esse dia para uma reportagem da Euronews aquando do 30.º aniversário do restaurante. “Foi uma verdadeira revolução. Um vento de mudança com sabor a hambúrguer”, diz a jornalista do canal.

Depois de muita pressão, outras marcas confirmaram que também vão suspender actividade na Rússia. Entre elas, a Pepsi, a Coca-Cola e a cadeia Starbucks. No caso da rede de cafés, existe cerca de uma centena de lojas com a marca, mas sob franchising. A empresa, porém, através do seu CEO, ao confirmar em comunicado a suspensão de actividade no país, anunciou que irá apoiar os cerca de 2000 empregados em causa. “Condenamos os terríveis ataques da Rússia à Ucrânia”, diz Kevin Johnson. “Os nossos corações estão com todos aqueles que estão a ser afectados”, remata.

Sugerir correcção
Ler 27 comentários