Em Moldada na Escuridão, no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em Lisboa, Hugo Canoilas convida-nos a entrar num mundo povoado de objecto-seres, esculturas-pinturas, formas que replicam medusas, águas-vivas, seres marinhos lumíneos. Colocando-nos num tempo em que o fluxo da vida na Terra se fazia sem os seres humanos.
É o momento oportuno para esta capa. Até porque ela se enquadra na narrativa deste jornal nestas edições de aniversário. Face à urgência ambiental, à ameaça da extinção da vida no planeta, diante de uma crise ecológica sem precedentes, questionamos o que podem os agentes das artes visuais pensar, fazer e mostrar.
O Ípsilon interpelou vários artistas e duas curadoras que também são investigadoras. E descobriu uma sensibilidade que permite-se imaginar outra estética e outra relação com o mundo natural e, por consequência, com o planeta.
Sobre isso, diz Catarina Rosendo, curadora, a José Marmeleira: “Creio que terá a ver com uma urgência pressentida por esses artistas enquanto indivíduos, uma urgência em reflectirem sobre a possibilidade de as artes visuais ou o pensamento artístico continuar actuante e pertinente. Por outro lado, também julgo que haverá algum cansaço em relação ao discurso modernista e pós-modernista das artes visuais muito centrado em questões formais e sobretudo numa tentativa de abstrair a arte, e os seus resultados plásticos e visuais, de uma reflexão sobre o mundo. Nos últimos dez anos, os artistas têm estado interessados em voltar a inserir as suas reflexões plásticas e visuais no mundo e nos problemas que ele convoca. E necessariamente, surge a questão do ambiente e da crise climática porque, a meu ver, pode colocar uma questão muitíssimo importante. Pode ajudar a resolver um beco sem saída em que as práticas artísticas chegaram, na sua relação com o público, que tem a ver com a própria ideia de estética”.
Uma conversa séria sobre humor: Joana Amaral Cardoso entrevista Bruno Nogueira.
O novo programa do humorista chama-se Tabu. Estreia sábado na SIC. Faz comédia com raça, deficiência, peso, saúde mental. “Excluir certos temas do humor é uma forma de discriminação.” O que o resto do público pensará, em plena tensão “cancel culture”, foge ao seu controlo.
Pedro Rios conversa com Tom Holland, a propósito do seu livro Domínio, sobre cristianismo.
Há uma tese aqui: o Ocidente é hoje liberal e secular porque foi profundamente cristão durante séculos. Mesmo com as igrejas a esvaziarem-se, a influência cristã está em todo o lado — do feminismo aos Beatles.
Semana forte de estreias. Desde logo, um filme que, para mim, vai ficar como um dos títulos do ano. Conta a história verídica do japonês que esteve 30 anos na selva acreditando que a II Guerra Mundial não tinha acabado. Como um espectador perante um ecrã de cinema, acreditando no seu mundo.
É o estupendo Onoda, 10 000 Noites na Selva, de Arthur Harari. Quem se lembra do filme de aventuras?
E depois há vertigem moral que é a escola do cinema iraniano. Um Herói é o melhor filme de Asghar Farhadi desde Uma Separação. Um conto sobre a moralidade como poço sem fundo.
Deixo-vos com a crónica de Augusto M Seabra: o que o cinema deve à Ucrânia. Por exemplo: A Terra, de Dovjenko