Com a Shaeco, uma portuguesa quer “sustentabilizar” Viana e o resto do mundo
No mercado desde 2020, uma empresa de Viana do Castelo distingue-se das restantes marcas de cosméticos biológicos pela aposta nos champôs sólidos cruelty free. O resultado, garante a fundadora, é semelhante ao champô dos salões de cabeleireiro, mas consome muito menos água.
Quando o primeiro filho Vasco nasceu em 2016, Vera Maia sentiu a necessidade de fazer algumas alterações nos seus hábitos. Foi, por esta altura, que começou a olhar com mais atenção para a cosmética sustentável: “Fiz algumas mudanças, nomeadamente, comecei a experimentar champô sólido”, conta ao PÚBLICO.
Porém, mesmo que estivesse certa de que não voltaria ao champô líquido, Vera não estava “100% satisfeita com os resultados”. Ao mesmo tempo, tendo consciência de que, em Portugal, os produtos para o cabelo são os mais consumidos entre a oferta de beleza e cosmética, estava lançado o mote para desenvolver a sua própria marca de cosméticos, a Shaeco, que leva, actualmente, o nome de Viana do Castelo a quase uma vintena de países.
A Shaeco não está sozinha, já que o compromisso das marcas portuguesas com a cosmética biológica é cada vez maior, com o surgimento de produtos à base de ingredientes verdadeiramente biológicos, sem pesticidas, herbicidas ou produtos químicos sintéticos. Mas a marca de cosméticos de Viana do Castelo, desenvolvida por Vera Maia e nascida em 2020, distingue-se por ser a primeira marca lusa a ser distinguida com dupla certificação PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, a ONG norte-americana que se dedica aos direitos dos animais).
O lançamento da Shaeco foi feito com a gama de champô sólido One & Done que, garante Vera Maia, faz lembrar os produtos de cabeleireiro, graças a uma fórmula premium, capaz de revolucionar o efeito do champô em barra em cada tipo de cabelo. “É uma alternativa, além de mais sustentável, melhor para o nosso couro cabeludo. Tem um extracto de coco que permite fazer mais espuma do que os champôs sólidos tradicionais e não tem sal, portanto, é um produto que pode ser usado por qualquer pessoa, inclusivamente quem faz alisamento no cabelo”, explica. A diferença ainda está na durabilidade do produto que atinge, em média, as 100 lavagens.
A gama inclui ainda, para os consumidores masculinos, o Power Shower, um produto 2-em-1 para corpo e cabelo, e o Happy Shower, o também 2-em-1 champô e sabonete desenvolvido a pensar nos mais novos. Condicionadores, barras hidratantes, sabonetes e a Pebble (caixa redonda de cortiça para guardar o champô) fazem também parte da linha de produtos que é vegan, cruelty free, sem sulfatos, parabenos ou queratina e com ingredientes como óleo de argão ou de amêndoas-doces.
Reduzir a pegada ambiental
Preocupada com a qualidade e o comércio justo, os produtos são de origem local e as vendas são online. A fábrica é, tal como a marca, de Viana do Castelo, permitindo a Vera cumprir as normas de controlo de qualidade e, ao mesmo tempo, diminuir a pegada ambiental.
Poupança de água e reciclagem também são critérios seguidos à risca, tendo em conta que todos os produtos são recicláveis e a produção de champô sólido utiliza menos 80% de água do que o champô líquido.
“Quando compramos um champô líquido, estamos a comprar uma embalagem de plástico com água e um agente de lavagem”, lembra, enaltecendo que com os seus produtos “além de se reduzir na produção e na utilização, também se reduz na pegada ecológica e até no transporte”. “Precisamos de muito menos camiões para transportar a mesma quantidade de champô”, explica.
Os preços variam entre os 7,90 e os 13,90 euros. Os packs promocionais, onde estão incluídos dois produtos ou um produto e a caixa de cortiça, podem atingir, no máximo, os 29,90 euros. “Podem comprar só o champô ou o champô com a caixa. Comprar em quantidade vai ser vantajoso não só financeiramente, porque tem sempre um desconto associado, mas mais até, porque conseguimos transportar mais quantidade numa única embalagem, portanto vamos também reduzir a nossa pegada ecológica.” A maquilhagem, os desodorizantes e acessórios de barbear e limpeza são produtos de outras marcas que seguem a mesma filosofia.
O embalamento é outro dos processos que conferem um carácter distintivo à marca que apenas utiliza matérias-primas “100% recicladas, recicláveis, sem plástico e impressas com tinta vegetal”, conta, tornando a embalagem, a par de reciclável, compostável. A empresa já poupou ao planeta cerca de 60 mil embalagens de plástico, estima Vera.
Ainda que a marca seja recente, já entrou nos mercados europeu e norte-americano, com vendas em 17 países. E, garante Vera Maia, não vai ficar por aqui, já que planeia continuar a apostar na industrialização e no desenvolvimento de novos produtos.