Portugal a um ponto de vencer a Polónia
Basta ganhar um dos três encontros de sábado para os portugueses acederem ao Grupo Mundial 1 da Taça Davis.
O Complexo Municipal de Ténis da Maia “veio abaixo” com a vitória de Nuno Borges no segundo singular da eliminatória da Taça Davis, com a Polónia. A jogar literalmente em casa, o tenista maiato de 25 anos obteve uma das melhores vitórias da sua carreira ao derrotar Kamil Majchrzak, 75.º no ranking mundial, e colocar Portugal a vencer a Polónia, por 2-0.
Borges, 165.º no ranking ATP, entrou nervoso, demorou a entrar em modo competitivo e só a 0-5, ganhou o primeiro jogo. Rui Machado apostou que ele ia dar a volta, o que ajudou Borges a motivar-se e a acreditar nas suas possibilidades, que se concretizaram ao fim de duas horas de um jogo emocionante. “Foi uma mistura de muitas emoções, passaram muitas coisas pela cabeça durante o jogo e demorei um pouco a aquecer a máquina e o meu adversário também teve muito mérito. Estou muito contente por ter dado a volta, fez-me lembrar o Maia Open com as pessoas a puxarem por nós, e vai ficar na minha memória por muito tempo. Vou desfrutar um bocadinho e libertar a carga emocional que tive, mas sei perfeitamente que amanhã tenho de estar pronto para dar tudo”, afirmou Borges, após vencer Majchrzak, por 3-6, 6-4 e 6-3, e somar a sua quarta vitória da carreira sobre um top-100.
“Não importava o início, mas como eu acabava; até que estivesse dois sets a zero para o outro, ia largar tudo o que tivesse. Sinto que estou a competir em torneios cada vez maiores e é normal que valorize mais estes momentos, principalmente, à frente do meu público, no meu clube, com a equipa com quem gostaria de estar e representar. É difícil ter mais do que isto”, frisou o número dois português.
Antes, Borges deu o seu apoio ao compatriota João Sousa (87.º ATP) na vitória sobre Kacper Zuk (190.º), por 6-3, 2-6 e 6-4, ao fim de duas horas e meia. “Na Taça Davis é sempre complicado, os rankings não contam para nada. Obviamente que o factor casa jogou a nosso favor, principalmente no meu encontro. Sei como foi difícil para o Nuno jogar em casa, olhar para as bancadas e ver caras conhecidas, tive isso em Guimarães, é difícil, é emocionante. O Nuno emocionou-se hoje depois de uma grandíssima vitória. Eu tive um segundo set menos conseguido, mas joguei bem no terceiro”, explicou o número um português, que não competia na Taça Davis em Portugal há quatro anos.
“Não ligo muito a essas coisas, mas sinto orgulho por representar Portugal e poder contribuir para que a selecção esteja no topo do ténis mundial. Não jogava a Taça Davis em casa há quatro anos e é sempre muito especial, sente-se outra energia”, disse Sousa que é agora o recordista de vitórias (27 em singulares e 11 em pares) ao serviço da selecção lusa.
Na conferência de imprensa, Sousa admitiu que a vitória de Rafael Nadal no Open da Austrália o inspirou bastante e foi importante no percurso do vimaranense em Pune, onde, no início de Fevereiro, conquistou o seu quarto título ATP: “Tive oportunidade de trocar algumas mensagens com ele e, sim, deu-me bastante força para dar a volta a alguns encontros que pareciam perdidos, aliás houve um em que estive com dois match-points contra.”
Estreia foi também a de Rui Machado, na sua qualidade de capitão da selecção nacional em eliminatórias realizadas em Portugal. “É um privilégio jogar com o público e logo com duas vitórias. Isto é Taça Davis. Sabemos que 2-0 não está ganho, mas é muito melhor do que 1-1 ou 0-2. Os jogadores estão completamente conscientes de que é preciso mais um ponto. Se não for na primeira oportunidade, será na segunda; se não for na segunda, será na terceira”, disse.
Machado adiantou que vai manter a escolha inicial em Borges e no estreante Francisco Cabral para o encontro de pares que abre a jornada de sábado, onde vão defrontar dois especialistas da variante. Mas salvaguardou que até uma hora antes do início do encontro (10h30), poderá anunciar alguma alteração, caso sinta que Borges não esteja recuperado do desgaste.
Já o capitão polaco Mariusz Fyrstenberg não confirmou os nomes de Jan Zielinski (79.º no ranking de pares) e Szymon Walkow (93.º) para o encontro de duplas, antes deu os parabéns aos tenistas portugueses, não se mostrou desapontado com os seus jogadores que deram em campo tudo o que tinham e explicou porque todos os elementos da selecção da Polónia ostentam no peito as cores da bandeira da Ucrânia. “São nossos vizinhos, gostamos muito deles, esta semana já devem ser quase dois milhões na Polónia, são excelentes pessoas. Conhecemos muitos tenistas ucranianos – o [Sergiy] Stakhovsky está lá com uma arma nas mãos, a lutar – e não é fácil para nós. Ténis é muito divertido, mas não é nada comparado com o que se passa lá”, explicou Fyrstenberg.