Morreu Rocha Andrade, ex-governante e antigo deputado do PS
O ex-deputado e antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais morreu esta segunda-feira, devido a doença prolongada.
Morreu Fernando Rocha Andrade, ex-secretário de Estado do PS. O ex-governante morreu esta segunda-feira, na sua residência, em Aveiro, apurou o PÚBLICO junto de fonte socialista. O ex-governante tinha sido diagnosticado com um cancro do pâncreas. Tinha 51 anos.
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Natural de Coimbra, onde se formou em Direito na vertente de ciências jurídico-económicas, Rocha Andrade foi deputado à Assembleia da República nas legislativas de 2015, pelo círculo de Aveiro. Durante essa legislatura, integrou a Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
Entre 2015 e 2017, Rocha Andrade foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do ministro das Finanças Mário Centeno, tendo saído do Governo na sequência do Galpgate, depois de ter sido constituído arguido pelo Ministério Público no processo que investigou o pagamento pela Galp Energia de viagens, refeições e bilhetes para diversos jogos da selecção nacional no Campeonato Europeu de Futebol de 2016. “Entendi que a continuidade em funções seria um factor de perturbação”, justificaria. O caso ficou resolvido com o pagamento de uma multa.
A sua experiência como governante recuava a 2005, ano em que se tornou subsecretário de Estado da Administração Interna no Governo de José Sócrates (à data, o actual primeiro-ministro, António Costa, era então ministro da Administração Interna). Foi também docente na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Na sua última crónica para o Jornal de Negócios, publicada a 28 de Outubro do ano passado, Rocha Andrade antecipava o chumbo do Orçamento do Estado de 2022 e o fim (oficial) da “geringonça”. “Escrevo umas horas antes da previsível rejeição da proposta de Orçamento, e do previsível início de um processo conducente a eleições antecipadas”, lia-se no primeiro parágrafo.
A dois meses das eleições, Rocha Andrade antecipava o “azedume e o ambiente de campanha” que marcariam as declarações políticas para pedir que não se perdesse “o significado do que aconteceu nos últimos seis anos – a aprovação, pela primeira vez, de seis Orçamentos do Estado com vários partidos da esquerda, e o conteúdo da política seguida”.
Rocha Andrade fez parte do grupo que negociou o nascimento do acordo parlamentar entre o PS, BE e PCP, que ficaria conhecido como “geringonça”, ainda que o tenha feito de forma céptica. “O pior que eles podem fazer é aceitarem”, disse à data, como assumiria anos depois.
No seu núcleo de amigos, nascido no tempo da “jota” (Juventude Socialista), Rocha Andrade mantinha por perto o ex-líder da JS, Sérgio Sousa Pinto, João Vasconcelos (que morreu em 2019 com 43 anos) e Marcos Perestrello.