Festival IndieLisboa fará retrospectiva do cinema de Doris Wishman

Pioneira da ‘sexploitation’ feminina, autora de filmes “audaciosamente eróticos e de carácter proto-feminista”, a cineasta será homenageada em sessões de cinema com limitação etária.

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Um filme de Doris Wishman DR

O festival de cinema IndieLisboa dedicará este ano uma retrospectiva à realizadora norte-americana Doris Wishman, pioneira e autora de filmes “audaciosamente eróticos e de carácter proto-feminista”, que morreu em 2002, anunciou a organização esta quarta-feira.

A retrospectiva, que será dirigida apenas a adultos, acontecerá no IndieLisboa — de 28 de Abril a 8 de Maio —, em parceria com a Cinemateca Portuguesa.

Doris Wishman estreou-se em 1960, “tornou-se pioneira da ‘sexploitation’ feminina no cinema ao longo da década” e “passou meio século na vanguarda da má reputação, tornando explícito com o seu cinema aquilo que não era permitido à imagem”, escreve o IndieLisboa, em nota de imprensa.

Entre os filmes a exibir em Lisboa estão Nude on the Moon (1961), “uma longa-metragem de fantasia científica que leva dois astronautas a descobrir uma colónia de nudistas na Lua”, e Bad Girls Go to Hell (1965), “a sua obra-prima por excelência”.

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Cartaz de "Nude on the Moon"

“Autodidacta, Wishman construiu sozinha a sua carreira, produzindo, realizando e montando a maior parte dos filmes que compõem a sua filmografia, e que serão apresentados” no festival.

Em Lisboa, para apresentar esta retrospectiva estará a artista Peggy Ahwesh, para quem Doris Wishman foi “uma mulher obcecada com os temas do estatuto social e liberdade femininas, o drama contemporâneo do medo, desconfiança e o desafio entre os sexos”.

Doris Wishman, que esteve afastada do cinema a partir dos anos 1980, morreu em Agosto de 2002 e na altura o jornal The New York Times escrevia que foi “uma prolífica realizadora independente de filmes verdadeiramente de mau gosto”, que era comparada a Ed Wood, “o lendário realizador de filmes de série B”.

O festival de cinema IndieLisboa decorrerá no cinema São Jorge, na Culturgest, Cinemateca Portuguesa e no Cinema Ideal, retomando o calendário pré-pandemia. Da programação deste ano tinha sido apenas anunciada a presença de um filme, A escuta, de Inês Oliveira, dedicada à carreira do músico e compositor português Carlos Zíngaro.

A presença deste filme no festival, na secção IndieMusic, coordena-se com uma actuação de Carlos Zíngaro na Culturgest, em Lisboa, a 30 de Abril, acompanhado por David Alves, Alvaro Rosso e Ulrich Mitzlaff.