Selecções de futebol feminina e masculina dos EUA com salários iguais

Acordo histórico com a federação norte-americana põe fim a uma batalha legal de seis anos.

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Reuters/Denis Balibouse

As bicampeãs mundiais de futebol feminino alcançaram nesta terça-feira um acordo histórico, após uma batalha legal de seis anos com a Federação norte-americana, em que as futebolistas reivindicavam uma política de igualdade face à selecção masculina.

“A Federação norte-americana de futebol compromete-se a pagar um salário igual a partir de agora para as equipas nacionais femininas e masculinas em todos os jogos particulares e torneios, entre os quais o Campeonato do Mundo”, revelam os termos do acordo entre a federação e as jogadoras.

O entendimento acontece anos depois de 28 jogadoras da equipa campeã mundial em 2019 terem interposto uma acção contra a federação, contestando uma política que rotularam como discriminatória no que diz respeito a prémios e salários distribuídos entre homens e mulheres.

Com os novos termos, a equipa feminina terá direito a 22 milhões de dólares (cerca de 19,3 milhões de euros), cerca de um terço do que exigiam na acção, mais bónus, o mesmo que é distribuído na selecção masculina.

A estes 22 milhões de euros acrescem dois milhões de dólares (1,7 milhões de euros) para um fundo que se destina a apoiar as futebolistas no final das carreiras e que servirá também para ancorar projectos de desenvolvimento do desporto feminino.

“Para a nossa geração, sabermos que deixamos o jogo num lugar exponencialmente melhor do que aquele em que o encontrámos”, assinalou a “estrela” Megan Rapinoe, 187 vezes internacional, em declarações à Associated Press.

A jogadora enfatizou que essa é a questão de fundo neste litígio e que não haverá justiça se não forem capazes de garantir que as desigualdades não voltam a acontecer.

Também a presidente da Federação, a ex-futebolista Cindi Parlow Cone, que assumiu o cargo em Março de 2020, tinha admitido no último ano a vontade de “harmonizar” as questões financeiras entre as selecções masculina e feminina.

Cone substituiu no cargo Carlos Cordeiro, luso-descendente que cessou funções depois de expressar em tribunal declarações consideradas discriminatórias em relação à equipa feminina, apontando que as jogadoras eram menos dotadas tecnicamente e tinham menos responsabilidades.