Morreu Gary Brooker, vocalista dos Procol Harum

Era dele a voz de A Whiter Shade of Pale, o êxito pelo qual a banda com quem fez 13 álbuns é recordada, mas também tocou com George Harrison, Eric Clapton, Ringo Starr e Alan Parsons Project.

Foto
Gary Brooker fundou os Procol Harum em 1966 e lançou 13 álbuns com eles Stefan Brending /wikicommons

Gary Brooker, vocalista e pianista dos britânicos Procol Harum, morreu este sábado de cancro aos 76 anos. A notícia só foi dada esta terça-feira, num comunicado da banda publicado no seu site oficial, que informa que Brooker morreu “de forma pacífica em casa”. Era dele a voz de A Whiter Shade of Pale, o êxito mais associado à banda. No texto, a banda diz que o tema “é amplamente visto como definindo O Verão do Amor, mas não podia ser mais diferente do que as gravações características dessa era”. “Nem sequer era característico da escrita dele. Ao longo de 13 álbuns, os Procol Harum nunca tentaram replicá-lo, preferindo forjar um caminho inquietamente progressivo, empenhados em olhar para a frente e fazendo de cada disco um ‘entretenimento ímpar’.”

Brooker nasceu em Hackney, Londres, em 1945, filho de um pai músico. Em 1962, fundou uma banda chamada The Paramounts, que tocou em concertos com os Rolling Stones, mas nunca chegou a atingir o sucesso. Acabaram e, em 1966, fundou os Procol Harum com Keith Reid. O êxito que definiu a banda foi a estreia deles, e chegou um ano depois. Inspirado na “Ária na Corda Sol”, de Bach, a música foi escrita por Brooker, que toca piano e canta, e Matthew Fisher, que é responsável pelo famoso órgão Hammond M102 que caracteriza o tema, enquanto a letra ficou a cargo de Keith Reid. Fisher, que saiu da banda em 1969, só foi creditado em 2009, depois de um processo em tribunal.

A Whiter Shade of Pale fazia parte do primeiro disco, homónimo, que também continha Homburg, outro êxito. Seguiu-se Shine on Brightly e A Salty Dog, que foi algo popular. Até 1977, ano em que acabaram e lançaram Something Magic, os Procol Harum fizeram ao todo nove álbuns, evoluindo para rock progressivo e sinfónico além do psicadelismo e r&b com influência clássica do início.

Em palco, lembra o comunicado, Gary tocava e cantava, e a sua voz e piano “foram a única constante que definiu a carreira internacional de concertos cinquentenária dos Procol”, mas que tocava muito mais instrumentos no estúdio. A banda voltou a reunir-se em 1991, com Brooker, Fisher, que saiu em 2004, e Reid, que saiu em 2017. Lançaram três álbuns: The Prodigal Stranger, no ano da reunião, The Well’s on Fire, de 2003, e Novum, de 2017. A banda tocou em Portugal pela última vez em 2019.

Fora da banda, Brooker lançou um disco a solo em 1979, No More Fear of Flying, tocou piano em All Things Must Pass, de George Harrison, amplamente considerado um dos melhores álbuns a solo de ex-membros dos Beatles, fez parte das bandas de Eric Clapton e Ringo Starr, cantou com Alan Parsons Project, pertenceu aos Bill Wyman’s Rhythm Kings e encabeçou os Gary Brooker Ensemble.

No cinema, fez de Juan Atilio Bramuglia, o advogado e Ministro dos Negócios estrangeiros argentino, em Evita, de Alan Parker, adaptação do musical homónimo de Andrew Lloyd Webber.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários