Covid-19: Boris Johnson anuncia fim de todas as restrições em Inglaterra

Acabam os testes gratuitos e a obrigação de isolamento em caso de teste positivo. Críticas mais imediatas vieram da oposição — e das escolas, que temem mais casos positivos e mais perturbações nas aulas.

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Boris Johnson anunciou a sua estratégia para "viver com covid" ANDY RAIN/EPA

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou esta segunda-feira o fim de todas as restrições para contenção da pandemia de covid-19, argumentando com os seus pesados custos económicos e sociais. Chegou a altura de viver com a covid, disse Johnson.

Vai deixar de ser obrigatório por lei o isolamento de qualquer pessoa que tenha um resultado positivo num teste, e irão também acabar os pagamentos do Estado a quem tenha de se auto-isolar por estar infectado com o vírus.

Também acaba a gratuitidade dos testes para o público em geral a partir de 1 de Abril, incluindo quem tenha sintomas, com excepção dos idosos e das pessoas considerada mais vulneráveis. Estas pessoas irão poder receber uma dose de reforço da vacina (4a dose) a partir da Primavera.

O anúncio levou a condenação rápida da oposição. No debate na Câmara dos Comuns​, o líder do Labour, Keir Starmer, disse que para o primeiro-ministro, “viver com covid” significa “ignorar” o vírus.

Johnson argumentou que as restrições “têm um custo pesado” para a economia, sociedade e saúde mental. “Não precisamos de continuar a pagar esse preço”, declarou.

O primeiro-ministro declarou ainda que não são precisas leis para “levar as pessoas a ter consideração pelas outras”. “Vamos aprender a viver com este vírus e continuar a proteger-nos a nós e aos outros sem restrições às nossas liberdades”, declarou.

O custo da testagem é enorme, apontou ainda Johnson: 15,7 mil milhões de libras (mais de 18 mil milhões de euros). Havendo uma grande parte da população vacinada (73% da população elegível tem a vacinação total em Inglaterra, e 56,6% tem o reforço) e existindo também tratamentos, Johnson defende que não faz sentido este gasto nos testes. Também garantiu que em caso de surgimento de uma nova variante que causasse preocupação, seria possível voltar a ter um grande volume de testagem.

Uma das primeiras reacções veio das escolas, onde são feitos por regra dois testes rápidos por semana a alunos e funcionários. Sem esses testes, e sem a obrigação de isolamento em caso positivo, o risco é que as novas medidas possam levar a ainda mais perturbações no funcionamento das escolas, “se isso significar que vão chegar às salas de aulas mais casos positivos”, disse Geoff Barton, da Association of School and College Leaders, ao Guardian.

No debate, Starmer pediu ao Governo que publicasse os dados científicos que apoiam a decisão para o fim do auto-isolamento, “incluindo o impacto nas pessoas extremamente vulneráveis”. Starmer disse que não é possível continuar a ter “testagem gratuita para sempre”, mas fez uma analogia com um jogo de futebol para explicar porque acha má ideia: “Se estamos 2-1 e faltam dez minutos para o fim do jogo, não vamos substituir um dos nossos melhores defesas”.

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