Exploração de cavalos em Valongo investigada por alegados maus-tratos

Uma antiga vacaria, desactivada há cerca de 15 anos, foi transformada em exploração de cavalos, recolhidos pelo país inteiro, sendo ali engordados para depois serem exportados para França para consumo humano.

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Daniel Rocha

A Câmara de Valongo, a Brigada de Protecção Ambiental da PSP e a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) estão a investigar alegados maus-tratos numa exploração de cavalos em Ermesinde, disse nesta terça-feira à Lusa o veterinário da autarquia.

As autoridades foram alertadas por uma denúncia anónima, tendo na segunda-feira e hoje comparecido na exploração, na freguesia de Sampaio, para avaliar o estado dos animais, acrescentou Fernando Rodrigues.

“Fui juntamente com a DGAV verificar se havia maus-tratos a animais e se havia cadáveres de animais na exploração, como dava a entender a denúncia feita. Percorremos todo o perímetro da exploração, e fora dela, e não encontrámos animais mortos”, começou por relatar o veterinário.

Do que encontraram na antiga vacaria, “desactivada há cerca de 15 anos e, entretanto, transformada em exploração de cavalos, recolhidos pelo país inteiro, sendo ali engordados para depois serem exportados para França para consumo humano”, Fernando Rodrigues afasta o cenário de “maus-tratos a animais”.

“Vimos muitos animais em mau estado, que se apresentavam subnutridos, mas o dono da exploração alegou já terem sido recolhidos assim. Cabe agora à DGAV fazer a verificação das informações recolhidas”, acrescentou o veterinário.

Garantindo terem feito “a verificação, um a um, dos 83 cavalos que estão na exploração” e lhes ter sido “garantido alimento”, Fernando Rodrigues salientou “haver, também, animais em bom estado”, situação que não abona em favor dos alegados “maus-tratos a animais” com que avança a denúncia.

Segundo o especialista, a DGAV, que “ficou com o dispositivo do chip dos cavalos, vai averiguar se a exploração está licenciada - e caso não esteja será levantado um auto -, a proveniência dos animais e se foram entregues naquele estado de debilidade, pois se o chip estiver activo estará indicado o dia e a hora em que o cavalo foi entregue ao novo proprietário”.

“Da parte da câmara verificámos que não havia sofrimento animal, eles estavam magros, mas não maltratados. Todos os animais foram detidos pela DGAV mantendo-se, contudo na exploração, sendo-lhes garantida a alimentação, com a vigilância das autoridades, até o processo acabar”, acrescentou.

Um familiar do dono da exploração “ficou como fiel depositário para garantir a alimentação dos cavalos”, processo que será “supervisionado” pela autarquia, disse ainda.

Fernando Rodrigues considerou existir “excesso de animais na exploração”, razão por que terão de “arranjar maneira de os tirar dali, pois só deveriam estar lá metade”.

A Lusa tentou ouvir a DGAV, mas até ao momento não foi possível.

Anabela Castro, da distrital do Porto do partido Pessoas-Animais-Natureza, manifestou à Lusa a sua preocupação por “coisas estranhas” que se passam na exploração, frisou tratar-se de “uma questão económica e de saúde pública” e que, devido a isso, o PAN “vai avançar com uma queixa ao Ministério Público”.

“Estamos a falar de mais de 80 cavalos e há indicações de que existem mais terrenos explorados pelo mesmo senhor e que não sabemos se os animais estarão nas mesmas condições”.