Vasco entrou num barco para nos mostrar o quão “difícil” é ser pescador

Em alto mar, um jovem fotojornalista acompanhou um grupo de pescadores de Sesimbra para o projecto Do Mar à Mesa. “Para nos trazerem peixe fresco, enfrentam difíceis condições de trabalho”, concluiu.

©Vasco Coelho
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Com a curiosidade de saber “o que é estar dentro de um barco de pesca”, Vasco Coelho, de 21 anos, fez-se ao mar. E levou a câmara para “expor ao público a dificuldade que existe para que o peixe chegue à nossa mesa” — cada vez maior à medida que peixe escasseia. 

O jovem sempre teve uma grande ligação ao mar, por viver perto dele. A 7 de Outubro de 2021, na marina de Sesimbra, embarcou com o grupo de pescadores do Beatriz Paulo rumo ao alto mar. E assim começava este registo fotográfico, que se dividiu em quatro fases.

“Para nos trazerem peixe fresco, [os pescadores] enfrentam difíceis condições de trabalho”, revela o fotojornalista. O horário laboral é nocturno. “Na escuridão total”, descreve, preparam a rede que é depois lançada ao mar. Num bom dia de pesca, encontram na lateral do barco um número considerável de peixes, que colocam em caixas grandes, cheias de gelo, para conservar. “Sempre com um sorriso nos lábios, pescam até ao Sol nascer.”

No dia 23 do mesmo mês, novamente em Sesimbra, o percurso foi outro. Desta vez em terra, e não em alto mar, Vasco foi à lota, onde o peixe é vendido. Mas nem tudo vai para o mercado: “Algumas cavalas apanhadas são utilizadas como isco pelos pescadores de peixe-espada-preto”, explica Vasco. É o caso dos trabalhadores do barco Beatriz Paulo. "Para que estes homens consigam pescar, a tripulação de terra precisa de colocar milhares de anzóis com cavala, para serem lançados ao mar, durante a noite.”

Já a 17 de Novembro, no mercado do Livramento, em Setúbal, captou o momento de amanhar o peixe, “que chega de manhã cedo, depois de uma longa noite de pesca em Sesimbra”. Depois, no mesmo dia, acompanhou a viagem do peixe até à mesa do consumidor: num restaurante em Sesimbra fotografou um cozinheiro a assar peixe no carvão.

“É muito exigente puxar as redes e as cordas para o barco, tentar manter o equilíbrio e não enjoar”, comenta. Assumindo que é, na sua perspectiva, uma profissão de risco, sublinha que “sem estes homens era impossível termos peixe tão fresco nas mesas”.

O mais desafiante no registo destas imagens foi, para Vasco, “conseguir fotografar com as oscilações do barco”, que dificultam o enquadramento. E a quantidade de informação com que se deparou, logo à chegada: “Queria fazer a melhor reportagem possível e estava a acontecer tanta coisa ao mesmo tempo, que eu não sabia o que fotografar primeiro.”

Apaixonado pelo fotojornalismo, sempre soube que a sua vida iria passar por “contar histórias às pessoas, através de imagens, e transmitir-lhes emoções”. É o que tenta fazer com a reportagem Do Mar à Mesa.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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