Telescópio espacial James Webb “viu” a primeira estrela e tirou uma selfie

Primeiro “alvo” do telescópio foi uma estrela na constelação Ursa Maior. Nos próximos meses, os segmentos de espelhos hexagonais serão alinhados e focados como um só, permitindo que as observações científicas comecem antes do final de Junho.

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A selfie tirada pelo telescópio espacial James Webb EPA/NASA HANDOUT

O novo telescópio espacial James Webb captou a sua primeira imagem de uma estrela e até tirou uma selfie ao seu espelho gigante, com um diâmetro de 6,5 metros, revelou esta sexta-feira a NASA.

Todos os 18 segmentos do espelho principal do telescópio parecem estar a funcionar correctamente, um mês e meio depois do início da missão, referiu a agência espacial norte-americana.

O primeiro alvo do telescópio foi uma estrela brilhante, a 258 anos-luz de distância, na constelação Ursa Maior.

“Foi simplesmente um momento de uau”, confessou Marshall Perrin, do Space Telescope Science Institute, em Baltimore. Nos próximos meses, os segmentos de espelhos hexagonais serão alinhados e focados como um só, permitindo que as observações científicas comecem antes do final de Junho.

Este observatório espacial, avaliado em cerca de 10 mil milhões de dólares (cerca de 8.800 milhões de euros) foi lançado em 25 de Dezembro. O espelho, banhado a ouro, é o maior já lançado para o espaço.

Uma câmara de infravermelhos no telescópio tirou uma foto ao espelho, como uma selfie, enquanto um dos segmentos olhava para a estrela ‘alvo’.

Depois de anos a trabalhar neste projecto, “é inacreditavelmente satisfatório” ver tudo a funcionar tão bem como até agora, sublinhou Marcia Rieke, cientista principal da câmara de infravermelhos, da Universidade do Arizona.

O novo telescópio, que começou a ser desenvolvido há mais de 30 anos, resulta de uma parceria entre a ESA e as congéneres norte-americana (NASA), líder do projecto, e canadiana (CSA). O envio do James Webb para o espaço foi sucessivamente adiado, ano após ano.

Engenheiros do ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade estão envolvidos na segurança das operações de lançamento e a astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da Agência Espacial Europeia (ESA), em Espanha, é responsável pela calibração de um dos instrumentos do Webb.

Os astrónomos esperam obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo sobre o nascimento das primeiras galáxias e estrelas.

O James Webb permitirá captar a luz ténue de corpos celestes ainda mais distantes, de há 13,5 mil milhões de anos, quando o Universo era bastante jovem (a idade estimada do Universo pela teoria do Big Bang é 13,8 mil milhões de anos).

O novo telescópio é apontado como o sucessor do Hubble, em órbita há 31 anos, a 570 quilómetros da Terra.

Dada a distância a que estará da Terra, o Webb não poderá ser reparado em órbita, ao contrário do Hubble, pelo que a sua “esperança de vida” é curta, de cinco a dez anos.