Parlamento da Líbia nomeia novo primeiro-ministro interino
Nomeação de Fazi Bashaga acontece poucas horas depois de o titular do cargo escapar a uma tentativa de assassinato. Abdul Hamid Dbeibé recusa transferir o poder.
O Parlamento da Líbia aprovou nesta quinta-feira a nomeação do antigo ministro do Interior, Fazi Bashaga, como novo primeiro-ministro interino, pouco depois de o titular do cargo, Abdul Hamid Dbeibé, ter sofrido uma tentativa de assassinato, em Trípoli.
Abdullah Bliheg, porta-voz da Câmara dos Representantes do país do Norte de África, com sede em Tobruk, informou que Bashaga foi eleito “com o consentimento unânime dos presentes”, na sequência do anúncio de Aguila Salé, Presidente do Parlamento, que deu conta de que Jaled Bibas, o outro candidato ao cargo, se tinha retirado do processo.
“Fui informado de que Jaleb Bibas se vai retirar”, disse Salé durante a sessão plenária, citado pelo site noticioso Al Wasat, revelando ainda que recebeu uma carta de recomendação do Alto Conselho de Estado a apoiar a candidatura de Bashaga.
Segundo o The Libya Observer, porém, Bibas negou que tenha retirado a candidatura e acusou Salé de mentir aos deputados para influenciar o resultado da votação. Pouco antes da mesma, os dois candidatos tinham apresentado à câmara as principais linhas dos respectivos programas políticos.
Bliheg explicou que Bashaga tem agora dez dias para escolher a sua equipa de ministros e para a sujeitar a uma moção de confiança no Parlamento.
A polémica sessão plenária desta quinta-feira aconteceu poucas horas depois de Dbeibé – que rejeitou os procedimentos da Câmara dos Representantes e que já assegurou que não vai entregar o poder à pessoa eleita pelos deputados – sobreviver a uma tentativa de homicídio.
A coluna de carros onde seguia o primeiro-ministro interino foi atacada durante a madrugada em Trípoli. O veículo que transportava Dbeibé foi atingido com vários tiros, mas os seus ocupantes escaparam ilesos.
Na passada terça-feira Dbeibé garantiu que só está disponível para transferir o seu poder a um Governo saído de umas eleições e criticou a decisão do Parlamento de adiar as presidenciais que estavam agendadas para o final de Dezembro do ano passado, nas quais era candidato, acusando ao mesmo tempo Salé de estar a contribuir para dividir ainda mais a Líbia.
O primeiro-ministro lidera um Governo de unidade nacional desde Março de 2021 e diz que não vai apoiar novas etapas no processo de transição democrática num país que conta com uma década de caos, de violência, de lutas de poder tribais e regionais, de crise humanitária e de interferência estrangeira, iniciada com a deposição do regime de Muammar Khadafi, em 2011, após uma intervenção militar da NATO.