PCP e movimento Cidadãos por Coimbra criticam nomeação de Celeste Amaro
O novo presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, é ainda acusado de ter deixado cair a promessa eleitoral de dotar aquele espaço de um novo modelo de gestão.
O PCP e o movimento Cidadãos por Coimbra criticaram esta quinta-feira a nomeação de Celeste Amaro para programar o Convento São Francisco, bem como o facto de o actual executivo municipal ter quebrado a promessa feita em campanha de que iria dotar aquele espaço de um novo modelo de gestão.
A autarquia, presidida por José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra, reagiu pouco depois, enviando uma nota de imprensa na qual garante que, de acordo com o compromisso que assumira, e “respeitando os órgãos democraticamente eleitos”, a proposta de novo modelo de gestão para o Convento São Francisco “será apresentada em primeira mão ao executivo camarário durante o ano de 2022”.
A Câmara de Coimbra anunciara esta terça-feira que a ex-directora regional da Cultura do Centro e antiga deputada do PSD, Celeste Amaro, iria assumir a programação do Convento São Francisco, iniciando funções a partir de Março. E em declarações prestadas na quarta-feira à Lusa, esclarecera que ficava descartada, “por agora”, a criação de um novo modelo de gestão para aquele espaço cultural, e que não havia um “limite temporal pré-definido” para o mandato de Celeste Amaro à frente daquele espaço.
Numa nota enviada à imprensa, o PCP defende que “qualquer modelo de gestão que venha a ser encontrado para o Convento São Francisco tem de assegurar a natureza pública da gestão daquele espaço e, no imediato, proceder à regularização dos vínculos e condições de trabalho da equipa necessária ao seu funcionamento”.
O comunicado do PCP, divulgado quando a Câmara ainda não recuperara a promessa de apresentar este ano o novo modelo de gestão, sublinhava que as decisões anunciadas pelo presidente da Câmara de Coimbra, que detém o pelouro da Cultura, apontavam “um caminho exactamente inverso, fazendo temer que se trate não de um adiamento, mas de uma antecipação que permite ver o que aí vem”.
Também o movimento Cidadãos por Coimbra (CpC) criticou a nomeação de Celeste Amaro, considerando que a decisão “interrompe o trabalho” que vinha sendo desenvolvido e lamentando que tenha sido tomada “sem qualquer explicação, quer sobre a impossibilidade de prorrogar a aquisição de serviços em curso até à prometida criação da empresa municipal, quer sobre a prometida abertura de concurso”. José Manuel Silva, defende o CpC, “deve esclarecer rapidamente se está a pagar favores ao PSD [força que integrou a coligação Juntos Somos Coimbra], se quer comandar pessoalmente a agenda do Convento, ou o que é que o fez mudar de ideias quanto à natureza jurídica futura do Convento São Francisco”.
O CpC referiu ainda outro caso em que o presidente, e ex-bastonário da Ordem dos Médicos, terá convocado “uma dirigente de serviços municipais para uma entrevista” e tê-la-á “ameaçado de exoneração caso não aceitasse deixar o cargo que desempenha há largos anos com mérito e dedicação reconhecidos por todos”. O movimento exige que sejam imediatamente interrompidas tais práticas e que seja instaurado um ambiente de respeito pelos trabalhadores e trabalhadoras do Município, pela legalidade e pelas regras democráticas”.
No comunicado em que responde às críticas do movimento – intitulado Os CpC, o Bloco de Maldizer e o Convento São Francisco –, o município salienta que manteve a chefia da Divisão de Gestão e Programação do Convento São Francisco, e que apenas decidiu não renovar “um contrato de avença com a anterior programadora” (a arquitecta Isabel Worm), optando por internalizar as funções que esta desempenhava, recorrendo para o efeito a Celeste Amaro, que é funcionária dos quadros da Câmara de Coimbra e “estava sem funções alocadas”. E que, acrescenta a nota, vai assumir as funções sem lhe ser atribuído qualquer suplemento remuneratório.
“A Câmara, com esta decisão, não está a pagar favores a ninguém, está a poupar dezenas de milhares de euros anuais ao erário público”, diz a autarquia, recomendando ainda que o trabalho da recém-nomeada programadora do Convento seja analisado “pela qualidade e eclectismo da sua futura programação cultural e não por enviesadas e míopes considerações de simpatias políticas”.
Notícia actualizada para incluir a reacção da Câmara de Coimbra às críticas do movimento Cidadãos por Coimbra.