Restauração critica linha Retomar e contradiz Banco de Fomento

Ahresp defende que a fraca adesão à linha de apoio ligada ao fim das moratórias “reflecte condições de acesso pouco vantajosas” e não é um sinal de que a maioria das empresas mais afectadas pela crise “não sentiu a necessidade de recorrer a este programa”, conforme afirmou o Banco Português de Fomento.

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Ahresp diz que a grande maioria das empresas do sector não recorreu ao apoio "por receio de ficarem sinalizadas de forma negativa junto do Banco de Portugal” Nelson Garrido

Para a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (Ahresp), a fraca adesão à linha Retomar “reflecte condições de acesso pouco vantajosas” e não é, como defendeu o Banco Português de Fomento (BPF), “um sinal de a maioria das empresas portuguesas nos sectores mais afectados pela crise não sentiu a necessidade de recorrer a este programa”. No seu boletim desta terça-feira, a Ahresp diz que “não pode deixar de ressalvar que o problema está nas condições de acesso ao programa e não na ausência de necessidade por parte das empresas”.

“Desde o lançamento do programa”, diz esta associação empresarial, têm sido feitos alertas “para o facto dos processos de reestruturação ao abrigo desta linha não deverem influenciar o historial bancário das empresas beneficiárias, nem prejudicar a análise de eventuais pedidos futuros de financiamento junto da banca”.

“Apesar das graves dificuldades de tesouraria que ainda enfrentam, a grande maioria das empresas do nosso sector não recorreu a este mecanismo por receio de ficarem sinalizadas de forma negativa junto do Banco de Portugal”, sintetiza a Ahresp.

Na passada sexta-feira, o BPF comunicou que, nos primeiros três meses da Linha de Apoio à Recuperação Económica – Retomar, destinada a facilitar a reestruturação de empréstimos que beneficiaram de moratória, as empresas apenas utilizaram 4% do total de mil milhões de euros disponibilizados (ou seja, 40 milhões). Para esta instituição, os restantes estarão “a conseguir cumprir as suas obrigações com os credores”, ou “a encontrar soluções alternativas que consideraram mais vantajosas”.

O presidente CIP, António Saraiva, também já criticou esta linha de apoio. “Mais uma vez, assistimos ao anúncio de apoios que tardam a concretizar-se e que, quando chegam, vêm com tantas limitações e exigências que poucas são as empresas que a eles podem ou querem aceder”, afirmou este responsável na segunda-feira, em declarações à agência Lusa. Para António Saraiva, “ficou, assim, afectada a credibilidade do Governo anterior na resposta às necessidades das empresas”.

Embora tenha reconhecido as dificuldades causadas pelo fim das moratórias se revelaram até agora “menos graves do que o que inicialmente se previa”, sublinhou que “é preciso esperar mais algum tempo para tirar conclusões definitivas”.

A CIP, acrescentou, já previa que fossem “muito poucas” as empresas que iam beneficiar desta linha, “quer pela fraca intensidade dos apoios (desde logo o limite de 25% das garantias públicas), quer porque veio carregada de uma série de critérios de elegibilidade muito apertados e outras exigências que limitam e dificultam o acesso das empresas”.

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