Porto

Aleixo: foram-se as torres, ficou o consumo

No lugar onde estiveram implantadas as cinco torres do Bairro do Aleixo, no Porto, "o consumo de droga continua a existir". Com o seu "trabalho-denúncia", o fotógrafo portuense Carlos Menezes pretende chamar a atenção para uma contradição que considera primordial: "se a droga era uma das justificações para a demolição, então, diante do que vemos hoje, essa é inválida".

©Carlos Menezes
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Quando, no início de Janeiro de 2022, o fotógrafo Carlos Menezes visitou o local onde estiveram implantadas as cinco torres do Aleixo - entretanto demolidas sob o pretexto de serem “o principal centro de tráfico do Porto” -, percebeu que, "ali, o consumo de droga continua a existir". Hoje, o que sobra do Bairro do Aleixo é um descampado, um lugar "ermo, vazio, onde se respira um ambiente pesado, nostálgico", descreve o portuense, em entrevista ao P3. "Há muitos consumidores [de droga] que continuam a ir para lá por ser um lugar mais escondido, por ter pouca vigilância." 

Com este "trabalho-denúncia", como apelida o projecto que realizou enquanto trabalho académico para o Instituto Português de Fotografia, o portuense pretende chamar a atenção para uma contradição que considera primordial: "se a droga era uma das justificações para a demolição, então, diante do que vemos hoje, essa é inválida". Ou, pelo menos, parcialmente inválida, uma vez que grande parte do tráfico e consumo de drogas mudaram apenas de morada, estando hoje instaladas nos bairros circundantes.

As imagens que Carlos captou descrevem um lugar lúgubre. "Não resta nada", lamenta. Há vegetação, entulho, tendas improvisadas, electrodomésticos abandonados, roupas esquecidas, máscaras e detritos tipicamente associados a consumo de droga. "A demolição não resolveu o problema e o objectivo, que seria reintegrar as pessoas que ali consumiam e traficavam na sociedade, também continua longe de ser alcançado", refere. O trabalho do fotógrafo de 35 anos, que se dedica à cobertura de temas "relacionados com ajuda humanitária e injustiça social" pode ser conhecido no seu site e no Instagram.

Gostas de fotografar e tens uma série que merece ser vista? Não consegues parar de desenhar, mas ninguém te liga nenhuma? Andas sempre com a câmara de filmar para produzir filmes que não saem da gaveta? Sim, tu também podes publicar no P3. Sabe aqui o que tens de fazer.

©Carlos Menezes
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