PSD mais perto do PS. Costa mais longe da maioria absoluta que pede
A quebra do PS e a subida do PSD deixam socialistas e sociais-democratas separados por apenas quatro pontos a pouco mais de uma semana das legislativas, indica a sondagem da Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1. Ligeira descida do Bloco isola Chega no terceiro lugar.
Volta a aquecer a disputa pela vitória eleitoral nas legislativas antecipadas para 30 de Janeiro, com o PSD (33%) a fixar-se a apenas quatro pontos percentuais do PS (37%), a menor distância entre os dois partidos desde a última sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica feita antes das eleições gerais de 2019. A pouco mais de uma semana das legislativas, crescem os sinais de que Costa e Rio estão mais taco-a-taco: a maioria absoluta dos socialistas está mais distante e se as coisas correrem mal ao PS e bem ao PSD, os sociais-democratas podem sentar mais deputados no Parlamento.
O estudo de opinião do CESOP para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, cujo trabalho de campo foi realizado entre 12 e 18 de Janeiro, mostra que, face à semana passada, os socialistas recuam dois pontos percentuais e os sociais-democratas, que registam a maior subida, avançam três pontos.
Há duas semanas, o PSD reduziu para seis pontos a diferença, até então a menor observada desde 2019 nos estudos do CESOP, mas na passada semana essa recuperação conheceu um volte-face, com o PS a distanciar-se relativamente aos sociais-democratas.
Só que agora, a pouco mais de uma semana das legislativas e a um par de dias do dia 23 previsto para o voto antecipado em mobilidade, o partido liderado por Rui Rio garante nova aproximação e fixa-se a uma diferença pouco superior à margem de erro desta sondagem (é de 2,6%).
O secretário-geral socialista António Costa vê o PS ficar mais longe da pretendida maioria absoluta, cujo patamar mínimo são 116 deputados. Se há uma semana o PS conseguia um máximo de 113 mandatos, agora não vai além dos 110, ao passo que o PSD garante um mínimo de 89 deputados e um máximo de 100.
Por outro lado, isto significa que se se conjugar o melhor cenário para o partido de Rio e o pior para o de Costa (99 mandatos), o PSD sairá vitorioso, o que implicaria a demissão do actual líder socialista. Depois das várias formulações usadas para se referir ao objectivo para esta eleição, a 17 de Janeiro, no debate televisivo a nove, António Costa pediu pela primeira vez a “maioria absoluta”.
Já a luta pelo terceiro lugar inclina-se mais para o Chega. O partido liderado pelo populista André Ventura mantém os 6% das intenções de voto mas beneficia da queda de um ponto do Bloco de Esquerda (5%) para se isolar no último lugar do pódio. Tanto Ventura como a coordenadora bloquista Catarina Martins já definiram como meta eleitoral a terceira posição.
O Bloco está agora empatado em quarto lugar com a CDU (continua com 5%) e a Iniciativa Liberal (sobe um ponto para 5%). Já o PAN recua um ponto para 2%, as mesmas intenções de voto do CDS e do Livre, que ficam inalterados.
“Ecogeringonça” mais distante
Se no debate desta quinta-feira nas rádios António Costa baixou as expectativas quanto a uma “ecogeringonça” ao avisar que o PS nunca aceitará a energia nuclear defendida pelo Livre, a sondagem do CESOP indica que, juntos, PS, PAN e Livre somam, no melhor cenário, 114 deputados, dois mandatos aquém da maioria absoluta.
Seja como for, a esquerda continua a ser claramente maioritária na generalidade dos cenários, todavia a direita surja em crescendo graças às subidas de PSD e IL. Deste modo, e assumindo o cenário mais favorável de distribuição de mandatos para PSD, Chega, IL e CDS, a direita somada poderia alcançar a maioria absoluta com 117 assentos parlamentares.
Tal como há uma semana, o CDS continua a arriscar ficar sem representação parlamentar, podendo chegar a um máximo de dois deputados, enquanto que ao Livre é garantida a eleição de Rui Tavares em Lisboa e atribuída a hipótese de chegar a um máximo de dois deputados, previsão de resultado idêntica à feita para o PAN.
Com base no quadro da distribuição de deputados por distrito, observa-se que o PSD, em relação aos resultados de 2019, deverá melhorar em Lisboa podendo eleger entre 14 e 16 deputados. O Bloco arrisca perde um ou mesmo os dois mandatos garantidos em Aveiro em 2019, podendo os bloquistas perder três deputados por Lisboa e dois pelo Porto, enquanto a CDU pode perder dois mandatos no círculo da capital, um em Setúbal bem como o deputado eleito em Beja.
Voto útil penaliza mais BE e CDS
O persistente esforço de António Costa e de Rui Rio em fazerem desta eleição a escolha do melhor para próximo primeiro-ministro tem-se materializado em discursos de apelo ao voto útil.
Tal estratégia comum parece penalizar mais o Bloco e o CDS, além de que parece também resultar, para benefício do PS, a culpabilização que Costa vem atirando para os ex-parceiros da “geringonça” pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e posterior dissolução da Assembleia da República e convocação de eleições.
Olhando para o quadro desta sondagem que faz o cruzamento entre as intenções de voto nestas legislativas e o voto expresso pelos entrevistados nas eleições de 2019, verifica-se que o PS pode “roubar” 32% do seu eleitorado ao Bloco (na semana passada a percentagem era de 17%) e que o PSD pode ir buscar 32% dos seus eleitores ao CDS (há uma semana o valor era de 26%).
Comparativamente com o estudo do CESOP divulgado há uma semana, o PS vai agora buscar apenas 14% à CDU. Já o PSD consegue quase duplicar (15%) o eleitorado tirado à IL e se há uma semana “roubava” somente 6% dos eleitores do PAN, agora assegura 23%, isto depois da ampla margem de convergência sinalizada por Rio e Inês Sousa Real, líder do PAN, no frente-a-frente de 15 de Janeiro.
Costa melhor PM do que Rio
A sondagem desta semana não traz praticamente nenhuma alteração quanto à convicção dos inquiridos sobre qual será o partido mais votado e acerca de que, entre Costa e Rio, seria melhor primeiro-ministro.
O PS é apontado por 72% (acima dos 69% verificados há uma semana) como a força política que sairá vencedora das legislativas de 30 de Janeiro, com o PSD a surgir muito atrás (16%).
Quanto ao melhor preparado para chefiar o próximo governo, António Costa obtém a preferência de 50% dos inquiridos e Rui Rio não vai além dos mesmos 35% da semana passada.