“Se há vítima das políticas do PS é a classe média’, diz Rio
O líder do PSD continua a apostar nas acções de rua, no comércio local e nas “conversas centrais”. E no pingue-pongue com António Costa.
Ao terceiro dia de campanha eleitoral, Rui Rio passou da defesa ao contra-ataque. Depois de ter passado os últimos dias a dizer que António Costa está a “deturpar” as suas propostas, o líder do PSD afirmou esta terça-feira que, “se em Portugal há vítima das políticas do PS, é a classe média”.
Numa sessão sobre Ensino Superior e Inovação no Fundão, o líder do PSD voltou a explicar que as suas propostas para a Saúde e Segurança Social mantêm os dois sistemas públicos, mas acrescenta-lhes uma camada em que entram os privados, apenas para beneficiar precisamente a classe média. “Um país desenvolvido tem uma classe média forte e com mais rendimentos”, defendeu. Mas em Portugal, “metade da população ganha menos de 900 euros”, lamentou, lamentando que seja o segundo país com pior mediana da Europa, apenas atrás da Bulgária.
Antes, numa arruada em Castelo Branco, Rui Rio voltou ao ataque a António Costa, concordando com o pedido de desculpas feito pelo ex-accionista da TAP, David Neeleman. “O primeiro-ministro faltou à verdade ao dizer que o empresário está falido e que todas as suas empresas tinham ido à falência e que a TAP se salvou porque o Estado ficou com a TAP. Ora, a TAP só se salvou porque os contribuintes puseram lá muito dinheiro”, disse. E insistiu: a companhia aérea é para privatizar logo que surja uma boa “oportunidade”.
No final de uma arruada morna, em que pouco contacto teve com a população, o líder social-democrata insistiu na sua linha programática sobre a TAP: “Sou muito crítico sobre a política que tem sido seguida, o Governo fez mal em desprivatizar a TAP e o que temos de fazer é, na melhor ocasião – e não na primeira -, voltar a privatizar a empresa”.
5% do PIB para inovação e ensino superior
A seguir, no Fundão, a “conversa central” do dia foi sobre ensino superior e inovação. Apesar do frio que já se fazia sentir – 6 graus centígrados às 19h -, cerca de uma centena de pessoas se juntou na tenda aberta do PSD para ouvir Rui Rio e Graça Carvalho apresentarem o essencial do seu programa neste sector.
“Não é por acaso que o tema seja este”, explicou Rui Rio, sublinhando uma das suas ideias centrais: “Desenvolver Portugal passa por dar melhores empregos e melhores salários de forma sustentada” e os melhores empregos dependem, na sua opinião, “do aproveitamento do conhecimento que temos no país”, fazendo “a ligação do ensino superior à economia e assim conseguir ter empresas com produtos de maior valor acrescentado”.
“O Fundão é um oásis na transferência do conhecimento para a economia a as empresas”, acrescentou Graça Carvalho, a que coube detalhar as propostas do PSD neste sector. Entre elas, duplicar o número de lugares nas residências universitárias e dar prioridade à acção social, assim como aumentar o valor e o número das bolsas e combater a precariedade de docentes e investigadores.
Rio e a pandemia: “Preso por ter cão e preso por não ter”
Questionado sobre as arruadas em que tem participado em tempos de pandemia, Rio responde com ditos populares: “É preso por ter cão e preso por não ter, tanto faz dar na cabeça como na cabeça dar. Se tivesse pouca gente, era porque a campanha era fraca; se tenho muita gente é porque é perigoso”.
O que o líder do PSD quer saber é, dos casos mais graves, qual a taxa de vacinação das pessoas e se tinham doenças associadas: “É vital para Portugal saber-se qual a taxa de vacinação das pessoas que faleceram”.
E se Rio ficar infectado? “Terei de ir para casa e cumprir a lei, como é óbvio”. E quem é que vai para o terreno? “Isso depois eu vejo; há muita gente para vir para o terreno, também temos muitos Joões”. E concorda com o pedido dos autarcas sobre o parecer da PGR sobre as eleições: “Já vai sendo tempo”.