Zero critica expansão da área de regadio para a Rede Natura
Programa Regadio 2030 vai ocupar áreas da rede europeia de zonas importantes para a conservação da natureza, diz a associação ambientalista.
Replicar o modelo de regadio de Alqueva por várias regiões de norte a sul do país, que pode vir a implicar um investimento de 2 mil milhões de euros, é uma opção errada, diz a associação ambientalista Zero, referindo-se ao programa Regadio 2030, que esteve até sexta-feira em consulta pública, já que dos “99 novos regadios, mais de 20 irão afectar áreas em Rede Natura 2000”.
A organização refere ainda que “um terço dos projectos para novos regadios integra áreas classificadas” em zonas de protecção especial (ZPE) e zonas especiais de conservação (ZEC) pertencentes à Rede Natura 2000. Na informação divulgada nesta terça-feira, a Zero acentua que as sobreposições abrangem várias áreas da Reserva da Biosfera da Meseta Ibérica, dois parques naturais (Vale do Tua e Douro Internacional), sete ZPE e 12 ZEC.”
Os objectivos de conservação destas áreas “não são conciliáveis” com a tipologia de regadio e com o modelo de intensificação agrícola que se propõe no estudo apresentado, por levar à “destruição dos habitats a preservar e à consequente degradação da biodiversidade”, analisa a organização ambientalista. Por outro lado, o programa nacional de regadios para a próxima década aponta para a concentração da oferta de água em “grandes empreendimentos que visam a substituição total dos sistemas agrícolas e a concentração fundiária”, ou seja, nas “monoculturas em grande escala”, analisa a Zero.
E, apesar de o estudo Regadio 2030 identificar a importância dos sistemas agro-silvo-pastoris, da pequena agricultura e do pequeno regadio privado, não são contempladas no plano de investimentos as explorações agrícolas de pequena dimensão e “nos territórios mais vulneráveis às alterações climáticas e aos processos de desertificação e despovoamento”, conclui a organização ambientalista.