Portugal não sobrevive ao caos e cai no Europeu

A selecção nacional “ofereceu” a primeira parte aos Países Baixos e o bom desempenho após o intervalo foi insuficiente para reverter a eliminação na prova.

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Momento do jogo entre os Países Baixos e Portugal BERNADETT SZABO/Reuters

Desta vez, a selecção portuguesa de andebol não sobreviveu ao caos. A equipa de Paulo Pereira falhou, nesta terça-feira, o apuramento para a main round do Euro 2022, fase da prova que juntará os mais fortes da ronda preliminar.

Depois de duas derrotas, a selecção nacional precisava de uma vitória da Islândia frente à Hungria – que aconteceu – e de bater os Países Baixos por dois golos – que não aconteceu.

A derrota frente aos neerlandeses por 32-31 em Budapeste, na Hungria, deixa Portugal de fora da fase seguinte, com três derrotas em três jogos.

“Temos uma certa tendência para sobreviver ao caos. Portanto, somos especialistas nisso e espero que, mais uma vez, consigamos sobreviver a uma situação crítica”. Estas palavras foram ditas por Paulo Pereira antes do Europeu 2022, mas, ao contrário de noutros grandes triunfos em jogos decisivos nos últimos anos, a profecia ficou, desta vez, por cumprir, depois de um jogo em que Portugal deu a primeira parte de avanço.

Portugal, que vive um momento fulgurante no andebol – esteve em dois Europeus, um Mundial e uns Jogos Olímpicos em apenas três anos – não terá assim a possibilidade de igualar ou melhorar o sexto lugar no Euro 2020 e de garantir também um lugar no Mundial por via de um dos quatro primeiros lugares neste Euro.

A selecção vai, desta forma, ter de jogar o apuramento para o Mundial entrando numa fase ainda precoce desse acesso, ao contrário dos surpreendentes Países Baixos, cujo valor individual e colectivo seria, em tese, mais baixo do que o de Portugal e Hungria, equipas eliminadas no grupo B.

Uma parte de avanço

Sem os lesionados André Gomes, Luís Frade e Pedro Portela neste Europeu, a jovem selecção portuguesa começou o jogo com dois golos de Iturriza e duas defesas de Gustavo Capdeville, mas os Países Baixos conseguiram, depois, um parcial de 4-0.

O resultado foi seguindo com dois golos de diferença e os neerlandeses estavam a criar soluções ofensivas com o central Steins muito rápido na preparação do remate e nas penetrações, hipotecando as ajudas portuguesas em dois contra um.

Paulo Pereira pediu mesmo um desconto de tempo para tentar uma defesa mista que integrasse alguma novidade no encaixe com o central neerlandês. E Steins, preso numa marcação individual, deixou de ter impacto durante alguns minutos.

No plano ofensivo, Portugal “encostou” em 11-9 numa fase de superioridade numérica, mas as várias exclusões nos neerlandeses tiveram pouco aproveitamento da equipa portuguesa, sempre errática no ataque. Em bom rigor, Portugal não só não aproveitou a superioridade como até deixou os Países Baixos aumentarem a vantagem apesar de terem menos um jogador.

O parcial foi para intervalo em 17-13 a favor dos Países Baixos, vantagem dilatada numa fase em que Portugal ficou com dois jogadores excluídos. Tal equivalia a dizer que na segunda parte a equipa portuguesa teria de reverter o marcador em seis golos, uma missão pouco menos do que homérica.

Na segunda parte Portugal começou desde cedo a apostar no sete contra seis, retirando o guarda-redes em processo ofensivo, beneficiando ainda do bom desempenho de Capdeville, cujas defesas mantinham Portugal vivo.

Portugal reduziu para 23-22 por via do acerto ofensivo, mas, sobretudo, do melhor desempenho defensivo – defesas de Capdeville, várias intercepções defensivas e maior competência a empurrar os neerlandeses para situações de remate menos confortáveis.

O resultado entrou na diferença mínima para os últimos cinco minutos e Portugal selou o empate a três minutos do fim do jogo. O 30-30 passou a 31-30 a favor de Portugal, com um minuto e meio no relógio.

Logo após o golo, Gilberto Duarte atrasou a reposição neerlandesa e foi excluído, o mesmo que aconteceu à equipa dos Países Baixos logo a seguir.

O último minuto, em seis contra seis, deu bola no poste de Branquinho para o 32-31 e Portugal “morreu” nesse momento, acabando ainda por sofrer o golo que ditou a terceira derrota no Europeu.

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