“Linhas vermelhas”: testes positivos aumentam e são três vezes mais do que o recomendado

A proporção de casos de infecção por SARS-CoV-2 notificados com atraso em Portugal também continua a aumentar à medida que a pressão no sistema de saúde também cresce. A mortalidade “específica por covid-19” aumentou 25%.

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O número de testes com resultado positivo está 10 pontos percentuais acima do limiar recomendado Nelson Garrido

Cerca de 14% dos testes realizados para despiste da covid-19 em Portugal são positivos, um valor dez pontos percentuais acima do limiar recomendado e que aumentou face à semana anterior. A informação consta no mais recente relatório semanal de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que indica que a percentagem de testes positivos apresenta uma tendência crescente. A proporção de casos de infecção por SARS-CoV-2 notificados com atraso em Portugal também continua a aumentar à medida que a pressão no sistema de saúde cresce. A mortalidade “específica por covid-19” aumentou 25%.

“A análise dos diferentes indicadores revela uma actividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional”, lê-se no mais recente relatório da DGS. “Dado o rápido aumento de casos, mesmo tendo em consideração a provável menor gravidade da variante Ómicron, é expectável um aumento de pressão sobre todo o sistema de saúde e na mortalidade.” A DGS recomenda, por isso, a “manutenção de todas as medidas de protecção individual” e a “intensificação da vacinação de reforço”.

De acordo com o documento divulgado esta sexta-feira, a fracção de casos com resultado positivo notificados entre os testes realizados para SARS-CoV-2 nos últimos 7 dias (6 a 12 de Janeiro) subiu para 14,0%. O valor, que representa um aumento de 3,4 pontos percentuais face ao último relatório da semana passada (10,6% de positividade), está bem acima do limiar recomendado dos 4%.

A mortalidade por covid-19 registou um aumento de 25% relativamente ao último relatório. A 12 de Janeiro de 2022, a mortalidade específica por covid-19 rondava um valor de 25,5 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes. A DGS nota que isto pode “indicar uma inversão da tendência estável que se vinha a verificar, dado que se observa um aumento progressivo no número de óbitos diários na última semana.”

A proporção de casos confirmados com atrasos também continua a aumentar. Entre 6 e 12 de Janeiro “a proporção de casos confirmados notificados com atraso foi de 15,6% (na semana passada foi de 12,9%)”, acima do limiar definido de 10%. Os resultados dos testes laboratoriais devem ser notificados na plataforma SINAVE Lab num período que não ultrapasse as 24 horas desde a requisição do teste laboratorial e a obtenção do resultado.

R(t) diminui em quase todas as regiões

O índice de transmissibilidade — R(t) — a nível nacional situa-se nos 1,19, o que indica uma tendência crescente. Este índice corresponde ao número de pessoas que são, em teoria, contagiadas por alguém com a infecção activa; um valor superior a 1 indica uma tendência crescente da incidência de infecções por SARS-Cov-2 a nível nacional. A região Norte foi aquela em que se registou o valor mais elevado do R(t) (1,23).

Apesar da tendência crescente, em comparação com os valores apresentados no último relatório, o R(t) diminuiu em todas as regiões: o Norte passou de 1,37 para 1,23; Centro passou 1,30 para 1,19; Lisboa e Vale do Tejo passou de 1,29 para 1,15; Alentejo passou de 1,42 para 1,22; e Algarve passou de 1,25 para 1,19.

Número em UCI mantém-se estável

O número de casos de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no Continente “apresenta uma tendência estável”. A 12 de Janeiro de 2022, registavam-se 162 doentes internados em Portugal Continental. Este valor corresponde a 64% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas. A semana passada o valor situava-se nos 62%.

A região do Norte é aquela que apresenta maior ocupação nos cuidados intensivos, seguida das regiões do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo.

A DGS volta a destacar os benefícios da vacinação. “As pessoas com um esquema vacinal completo tiveram um risco de internamento dois a cinco vezes menor do que as pessoas não vacinadas, entre o total de pessoas infectadas em Novembro”, lê-se no documento. “As pessoas com um esquema vacinal completo tiveram um risco de morte 3 a 6 vezes menor do que as pessoas não vacinadas, entre o total de pessoas infectadas em Dezembro.” Na população com idade superior ou igual a 80 anos, a dose de reforço reduziu o risco de morte por covid-19 quase para seis vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário.

A Ómicron continua a ser a variante dominante em Portugal, representando 93,2% dos casos a 10 de Janeiro de 2022. A DGS nota que é expectável que surjam novas variantes ao longo do tempo. “A probabilidade de ocorrência destas mutações aumenta com a circulação do vírus na comunidade, promovendo o aparecimento de novas variantes”, lê-se no relatório.

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