Professores franceses fazem greve em protesto contra as medidas “caóticas” para a covid-19
Alterações frequentes das regras para testes e quarentenas levaram ao protesto, que é classificado como “histórico” pela unamidade.
Muitas escolas francesas vão estar fechadas esta quinta-feira por causa de uma greve de um dia em protesto pelo que os sindicatos de professores dizem ser as falhas do Governo francês a lidar com a pandemia da covid-19 e proteger alunos e professores, com os sindicatos a prever uma adesão de até 75% nas escolas primárias.
Sindicatos representando as direcções das escolas, da área das inspecções e outros funcionários também se juntaram à greve, num total de onze organizações sindicais a aderir o que, segundo a France 24, pode fazer com que seja uma das maiores paralisações das últimas décadas no sector. O historiador especialista em educação Claude Lelièvre disse ao jornal Libération que a unanimidade mostrada é “histórica”.
“Chegámos a um nível de exasperação, cansaço e zanga que não nos deixou outra opção que não fosse organizar uma greve para mandar uma mensagem forte ao Governo”, disse Elisabeth Allain-Moreno, secretária nacional do sindicato SE-UNSA.
Desde o regresso às aulas depois das férias do Natal, as regras em relação a quarentenas e testes mudaram já duas vezes, porque o número crescente de infecções por causa da variante Ómicron estava a dificultar que o protocolo fosse seguido, e exigências de testes PCR oram substituídas por autoteste (os laboratórios estão a ter dificuldade com o ritmo de cerca de 1,5 milhões de testes antigénio e PCR), e foi facilitado o regresso à escola, ou a permanência: por exemplo, caso uma criança tenha um resultado positivo num teste já não é obrigatório que os pais a vão buscar imediatamente à escola, podendo ficar até ao final do dia.
A variante Ómicron está a levar a uma subida drástica das infecções em França, e nas escolas, a situação é pior: na área de Paris, na semana passada, cerca de 5% do total dos alunos do ensino básico tiveram infecções confirmadas.
O Governo começou por pôr rapidamente em quarentena turmas em que houvesse casos de infecção, mas reverteu essa política e agora tem defendido manter as aulas o mais possível. França orgulhava-se já de ter sido o país em que as escolas menos fecharam por causa da covid-19, mesmo durante os primeiros confinamentos.
Mas os professores queixam-se que com um número tão grande de infecções, “os alunos não conseguem aprender decentemente porque a presença varia muito, e é impossível pôr a funcionar um sistema híbrido”, disse o sindicato SUNipp-FSU, acrescentando que não está a haver substituição dos professores ausentes. Os sindicatos querem ainda medidas como medidores de CO2 nas salas de aula, o que permite verificar se a ventilação está a ser adequada para minorar a possibilidade de contágio caso haja pessoas infectadas na sala.
Esta semana, o epidemiologista Mahmoud Zureik disse que a variante Ómicron mudou a situação nas escolas, já que apesar de as crianças desenvolverem raramente doença grave, com um número tão grande de infecções havia 73 crianças com menos de dez anos nos cuidados intensivos e mais de 300 hospitalizadas.