Embraer vende produção em Évora aos espanhóis da Aernnova por 151 milhões

Unidades Embraer Metálicas e Embraer Compósitos empregam 500 pessoas em Évora. Se for aprovado, negócio deverá ser fechado até Março.

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Fábrica da Embraer em Évora (foto de arquivo) Miguel Manso

O grupo de aeronáutica brasileiro Embraer estabeleceu um acordo – ainda por aprovar pelas autoridades competentes – para a alienação das duas unidades de produção que detém em Évora, anunciou esta quarta-feira a companhia ao mercado.

O valor do negócio é de 172 milhões de dólares (cerca de 151,5 milhões de euros ao câmbio actual) e incide sobre os activos Embraer Portugal Estruturas Metálicas SA e Embraer Portugal Estruturas em Compósitos SA, que, juntas, empregam meio milhar de trabalhadores. O grupo detém ainda uma terceira empresa em Portugal afecta a este núcleo produtivo inaugurado em Setembro de 2012, (a Embraer Portugal SA), que além de servir de suporte administrativo e tecnológico às outras duas, agrega ainda um “Centro de Engenharia e Tecnologia responsável por engenharia de desenvolvimento do produto”, segundo a informação pública. Mas sobre este terceiro activo não há referência na comunicação emitida esta quarta-feira.

Assim como não há qualquer referência aos 65% do capital social da portuguesa OGMA, também detidos pelo grupo Embraer.

A conclusão da transacção, afirma a Embraer, “está sujeita a um conjunto de condições que as partes envolvidas esperam cumprir no primeiro trimestre de 2022”.

Segundo a comunicação do grupo brasileiro, “o acordo contempla a venda de todas as acções” das subsidiárias Embraer Metálicas e Embraer Compósitos “à Aernnova, pelo valor de US$ 172 milhões [172 milhões de dólares], sujeito a ajustes até a data de seu fechamento”. As empresas ocupam “37.100 e 31.800 metros quadrados, respectivamente”, e empregam “cerca de 500 pessoas”.

“Nas duas fábricas” são produzidos, entre outros, “componentes para asas e estabilizadores verticais e horizontais para programas aeronáuticos da Embraer como os jactos executivos Praetor 500 e Praetor 600, as duas gerações da família de E-Jets de jactos comerciais e o jacto multimissão KC-390 Millennium”, explica a companhia brasileira.

Ao adquirir as duas unidades industriais de Évora, a Aernnova – que neste momento conta com 14 unidades industriais em sete países, onde emprega 4600 pessoas, segundo a informação no seu site – adiciona mais um mercado, trabalhadores e mais facturação.

Segundo a comunicação desta quarta-feira, “as actividades nas instalações industriais de Évora adicionarão cerca de US$ 170 milhões [170 milhões de dólares ou perto de 150 milhões de euros] em receitas para a Aernnova”, cuja facturação anual ronda os 700 milhões de euros. As fábricas alentejanas agora alvo de acordo, adianta a Embraer, “serão os maiores centros produtivos da Aernnova no mundo”.

A parceria estabelece que a Aernnova “assume a operação das fábricas industriais em Évora e ao mesmo tempo, assegura o fornecimento para produção actual de aeronaves Embraer, aumentando a previsão de receitas de longo prazo da Aernnova”. As duas companhias acreditam ainda que “a capacidade das unidades industriais em Évora também permitirá a assinatura de novos contratos, seja com a Embraer ou com outros fabricantes”. Esta não é a primeira vez que os activos portugueses da Embraer estiveram sob acordo para mudarem de mãos.

Com sede no País Basco, a Aernnova iniciou a sua actividade de construtora de componentes, de engenharia e manutenção aeronáuticas em 1986. Além da Embraer, fornece a norte-americana Boeing e o consórcio europeu Airbus, entre outros.

Fundada por Iñaki López de Gandásegui, tem como segunda maior accionista principal a sociedade Kaizaharra Corporación Empresarial (20%) com sede em Bilbau e presença em sectores que vão da aeronáutica à indústria farmacêutica, passando pela energia. Contudo, a maioria do capital da futura dona das fábricas em Évora está nas mãos de três fundos de investimento com sede fora de Espanha: Everest Holdings (37,55%), nos Países Baixos; Pl 1 (14,66%), no Luxemburgo; e ANV Co-Invest (13,59%, no Reino Unido.

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