Portugal inicia ano com emissão de dívida a 20 anos

Numa altura em que as taxas de juro na zona euro registam uma subida progressiva, o Tesouro decidiu realizar uma emissão de dívida a 20 anos com o apoio de bancos estrangeiros e de um banco nacional

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Primeira emissão de dívida pública portuguesa de 2022 acontece numa altura em que as taxas de juro têm vindo a subir. LUSA/ANTONIO PEDRO SANTOS

O Tesouro português vai realizar, durante os próximos dias, uma emissão de dívida pública a 20 anos, noticiou esta terça-feira a agência Reuters, dando início às operações de financiamento do Estado no mercado numa altura em que se assiste a uma subida generalizada das taxas de juro na zona euro.

De acordo com a agência de notícias internacional, o Estado português, através da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, contratou um sindicato bancário, liderado por cinco bancos estrangeiros (BNP Paribas, Crédit Agricole CIB, Morgan Stanley, J. P. Morgan e Nomura) e por um banco nacional (o Novo Banco), para encontrar no mercado os investidores dispostos a realizar um empréstimo a 20 anos, através da compra de títulos obrigacionistas com esta maturidade.

A Reuters não indica ainda qual o montante da emissão de dívida desejado pelo Tesouro português, nem o valor base da taxa de juro a que se pretende concretizar a operação.

As emissões de dívida pública são feitas pelos Estados através de um leilão, em que os investidores fazem directamente a sua oferta de compra dos títulos da dívida, ou através de uma operação sindicada, em que os bancos são contratados para encontrar os investidores interessados.

Geralmente, no início do ano, o Estado português realiza uma emissão de maior dimensão através de uma operação sindicada, algo que irá agora, como noticia a Reuters, também acontecer este ano.

A primeira emissão de dívida pública portuguesa de 2022 acontece numa altura em que as taxas de juro têm vindo, ao longo das últimas quatro semanas, desde a última reunião do Banco Central Europeu (BCE), a registar uma subida progressiva na zona euro. Seja na Alemanha, cuja taxa de juro a 10 anos no mercado continua a ser negativa; seja na Itália, que já regista valores acima de 1%; seja em Portugal e em Espanha, que apresentam valores intermédios, os investidores estão agora a exigir uma taxa de juro mais elevada para emprestar dinheiro aos Estados.

Isto acontece porque a expectativa de que o BCE, mais rapidamente do que o esperado, possa vir a retirar os seus estímulos à economia, é agora mais forte. O banco central liderado por Christine Lagarde pode, antecipam os investidores, como resposta à subida da inflação, começar a subir mais cedo as suas taxas de juro de curto prazo e acabar com as compras de dívida pública que tem feito na zona euro. Essas duas medidas fazem com que os custos de financiamento dos Estados se agravem.

No caso de Portugal, a taxa de juro de referência a 10 anos, que se encontrava a 15 de Dezembro em 0,267%, encontra-se esta terça-feira em 0,596%, o valor mais alto desde Maio do ano passado.

Já no caso das taxas de juro de referência a 20 anos, o seu valor estava, a 15 de Dezembro, em 0,552%. E agora encontra-se nos 0,884%.

Esta é uma altura em que vários países da zona euro – e as próprias entidades encarregues de obter no mercado o financiamento para os fundos europeus – realizam emissões de dívida de grande dimensão, o que pode forçar os países, para garantirem um volume de procura significativo, a subir um pouco as taxas relativamente ao valor que actualmente é praticado nas transacções dos títulos de dívida no mercado.

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