ONU lança negociações no Sudão para pôr fim à crise pós-golpe

Segundo o comunicado das Nações Unidas, todos os grupos sudaneses serão convidados a participar nas conversações que se vão iniciar daqui a dias.

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Marcha contra os chefes militares, na quinta-feira em MOHAMED NURELDIN ABDALLAH / Reuters

As Nações Unidas anunciaram este sábado que vão convidar os líderes militares do Sudão, partidos políticos e outros grupos a participar em conversações que visam pôr fim à crise aberta com o golpe de Estado de 25 de Outubro. Segundo o representante especial, Volker Perthes, os encontros entre civis e militares vão começar já para a semana.

A iniciativa será lançada oficialmente numa conferência de imprensa marcada para segunda-feira, véspera de uma sessão informal do Conselho de Segurança da ONU para debater os últimos desenvolvimentos no país.

O golpe do general e chefe do Exército, Abdel Fattah al-Bourban, pôs fim à transição para um regime civil iniciada com a queda de Omar Bashir, o ditador que esteve três décadas no poder.

A mediação da ONU tinha permitido o regresso ao cargo do primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, detido em Outubro e libertado em Novembro, mas uma onda de protestos levou à sua demissão no início da semana. A saída de cena de Hamdok só aprofundou a incerteza em redor do futuro político do país e da transição até às eleições previstas para 2023.

Comités de resistência formados em cada bairro, partidos e diferentes grupos pró-democracia têm mantido uma contínua campanha de protestos com o slogan “sem negociação”, enquanto a repressão das forças de segurança fez pelo menos 60 mortos.

“A repetida violência contra manifestantes em grande parte pacíficos só serviu para aumentar a desconfiança entre todos os grupos políticos no Sudão”, afirmou o representante especial da ONU, Volker Perthes, na declaração em que anunciou o lançamento da iniciativa de diálogo. Segundo o comunicado da ONU, todos os grupos serão convidados a participar.

A principal coligação da oposição civil, as Forças da Liberdade e da Mudança, disseram aplaudir “quaisquer esforços internacionais que contribuam para alcançar os objectivos dos sudaneses no combate ao golpe e no estabelecimento de um Estado civil e democrático”.

Sem que seja iniciado um novo caminho que permita a realização de umas eleições em que a maioria da população confie é provável que a instabilidade dentro e fora das fronteiras do Sudão continue a aumentar, antecipam analistas e diplomatas.

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