Novas restrições? Peritos pedem monitorização de cuidados intensivos e transmissibilidade da covid-19
Raquel Duarte foi uma das especialistas ouvidas na reunião do Infarmed nesta quarta-feira.
Raquel Duarte propôs, nesta quarta-feira, na reunião dos peritos com os governantes no Infarmed, que as medidas tenham como sinais de alerta a taxa de internamento nos cuidados intensivos e o R(t) — que deve estar abaixo de 1. Estes indicadores permitirão monitorizar a gravidade da doença, o esforço sobre os cuidados de saúde no tratamento das formas mais graves da doença e a combinação destes indicadores e permite sinalizar a possibilidade de agravamento nos internamentos.
Deve haver fasquia de 70% da linha vermelha de internamentos nos cuidados intensivos (ou seja, 179 internamentos) de acordo com uma média a cinco dias e o R(t) abaixo de 1. Quando esses critérios forem ultrapassados, a especialista sugere que sejam aplicadas medidas.
De acordo com os dados do mais recente boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), divulgado nesta terça-feira, há 147 doentes em unidades de cuidados intensivos — valor abaixo do limiar crítico de 255 camas. Na segunda-feira o R(t) em território nacional era de 1,43.
Quais as medidas?
- Actividade laboral: teletrabalho sempre que possível e diminuição da lotação no local de trabalho, testagem regular e promoção de horários desfasados.
- Restauração: limitação da lotação com máximo de pessoas à volta da mesa e priorizar esplanadas.
- Eventos: redução da lotação para 75% e número de pessoas que convivem em situações familiares para um máximo de dez pessoas.
- Transportes: lotação para 75% e utilização dos bancos traseiros de táxi e TVDE.
- Centros comerciais: lotação de 75%.
- Redução do número de pessoas em casamentos e baptizados.
Perante a sobrecarga dos profissionais de saúde (especialmente médicos de família e de saúde pública), deve-se fomentar a participação activa no inquérito epidemiológico por parte do indivíduo positivo. Os médicos de família devem concentrar todos os seus esforços nos doentes de maior risco, defende a especialista.
“Temos assistido a reduzido impacto em termos hospitalares, mas temos de estar atentos”, alerta Raquel Duarte. Os planos de contingência dos serviços de saúde devem ser feitos de forma a facilitar o crescimento de unidades (como UCI para doentes com covid) e terem flexibilidade para garantir resposta rápida e eficiente.
Em termos de comunicação, deve haver um foco na gestão de risco — deve-se explicar como proceder com autoteste positivo, garantir acesso a plataforma para registo e identificação dos contactos que seja acessível.
No dia-a-dia, é importante combinar várias camadas protectoras — com a utilização correcta da máscara, dar primazia a máscaras cirúrgicas e FP2 em desfavor das têxteis. É importante ainda ventilar os espaços e que os viajantes ou trabalhadores em lares de idosos tenham acesso facilitado a plataformas específicas.
Se não forem ultrapassados os limites de cuidados intensivos e transmissibilidade, Raquel Duarte propõe redução das medidas restritivas, mas com uma base de precaução, com medidas gerais aplicadas no dia-a-dia: vacinação, ventilação, limpeza de espaço e higienização das mãos e proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública.
- Sector escolar, comércio: devem cumprir medidas gerais.
- Em lares, devem ser mantidos os cuidados, testagem regular de funcionários e visitas, apresentação de certificados, etc.
- Em actividades desportivas, devem cumprir-se as medidas gerais, promovendo actividades no exterior. Deve haver circuitos definidos de circulação e eventos controlados.
- Eventos de grande dimensão: devem acontecer em espaços exteriores e cumprindo medidas gerais, sendo apenas possíveis os eventos em que é possível garantir cumprimento das medidas.
- Centros comerciais e celebrações mantêm orientações gerais.
- Viagens: devem evitar-se viagens para locais de alto risco e cumprir-se todas as regras internacionais.