Aquecimento improvisado de casas provoca 17 mortos num mês na Grécia
Nas últimas semanas do ano repetiram-se acidentes causados por queima de madeira ou outros materiais para aquecer as casas, quando as famílias não têm dinheiro para o aquecimento a óleo, gás ou electricidade. O número de vítimas é o mais alto dos últimos dez anos.
Fumos tóxicos por pequenas fogueiras em casa, fogões eléctricos usados para aquecer o ambiente, incêndios provocados por meios improvisados para aquecer as casas: no último mês morreram pelo menos 17 pessoas a tentar aquecer-se na Grécia.
2021 foi o ano com mais mortes por incêndios em casa desde 2010, segundo o responsável dos bombeiros Andrianos Gourbatsis, citado pelo jornal Ethnos. A maioria das mortes foi causada por uma fonte de calor como um fogão, lareira, ou semelhante, aponta. A subida dos preços de óleo para o aquecimento, gás e electricidade deixou muitas pessoas a tentar outras formas de aquecimento, diz o jornal.
Já em 2022, morreram mais pelo menos duas pessoas noutros dois incidentes com aquecimento improvisado das casas, noticiados por media locais.
A maioria das vítimas são idosas, mas entre os mortos há também dois irmãos, de 12 e 13 anos, que morreram num incêndio causado por um radiador. Num dos incêndios, em Metaxourgeio, Atenas, duas crianças, de 5 e 11 anos, foram transferidos para um hospital com danos nos pulmões por causa do fumo inalado, segundo o site Keep Talking Greece.
Noutros casos, como no dia de Natal numa aldeia em Creta, um casal de idosos morreu por inalar fumo tóxico de uma lareira improvisada, e pouco antes, em Atenas, um homem morreu quando um cobertor eléctrico se incendiou.
No ano anterior, tinham morrido oito pessoas por causas semelhantes, com um estudo a apontar que 26% dos lares não tinham capacidade para ter aquecimento adequado em casa durante os meses mais frios.
Além do grande número de mortes, a queima de materiais que não são adequados leva a um grande aumento da poluição nas cidades. O número de partículas finas no ar excede muito os limites considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde, com a maioria das cidades gregas a registar mais de 100 microgramas/m3 de partículas finas quando o limite considerado seguro é abaixo de 5 microgramas/m3. Na noite de 31 de Dezembro, quase atingiu 400 microgramas/m3.
Um estudo recente da Agência Europeia do Ambiente citado no diário Kathimerini indicava que a exposição prolongada a poluição provocou mais de 13.300 pessoas na Grécia durante o ano de 2019. Se o país conseguisse cumprir o limite de partículas finas no ar, dizia ainda a agência europeia, o número de mortes diminuiria 67% no país.