Apoiantes de Rio pedem a cabeça do líder do PSD-Porto

Apoiante de Paulo Rangel nas eleições directas, Alberto Machado diz que vai cumprir mandato até ao fim.

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Alberto Machado apoiou Paulo Rangel nas directas contra Rui Rio Nelson Garrido

As feridas que se abriram no PSD no âmbito da disputa interna das directas entre Rui Rio e Paulo Rangel estão longe de estar saradas. Até às eleições legislativas de 30 de Janeiro ninguém quer ajustar contas, mas o clima é de alguma crispação e começou logo no rescaldo das directas que deram a vitória a Rui Rio.

Aproveitando a realização da assembleia distrital do PSD-Porto, que decorreu em Felgueiras, apoiantes do líder social-democrata pediram a cabeça do presidente da distrital do PSD-Porto, que é também deputado, Alberto Machado, e que foi um dos apoios de peso de Paulo Rangel na disputa pela presidência do partido.

Remetido por Rui Rio para o fim da lista de deputados pelo círculo eleitoral do Porto - um lugar que é considerado humilhante para um líder de distrital -, Alberto Machado não pretende demitir-se do cargo, não só porque o seu mandato só termina em Julho deste ano, mas também porque entende que pode fazer um novo mandato à frente daquela que é considerada a maior distrital social-democrata.

Esta não é, contudo, a opinião daqueles que fizeram campanha ao lado do presidente do partido e que aguardam com alguma esperança o desfecho das eleições legislativas.

O deputado Paulo Rios, que esteve alinhado com Rui Rio na disputa interna, foi uma das vozes (mas não a única) que, na última assembleia distrital do PSD-Porto, defendeu que Alberto Machado deveria tirar consequências da derrota das directas e que se devia demitir, uma vez que a comissão política distrital deu o seu apoio ao eurodeputado na altura, uma situação que já não se verificou em relação à comissão política concelhia do PSD-Porto, liderada por Miguel Seabra.

Todavia, Paulo Rios não foi a única voz a pedir a cabeça de Alberto Machado. Os social-democratas César Vasconcelos e Paulo Ramalho foram a Felgueiras dizer que o líder da distrital não reunia as condições para se manter como presidente da comissão política por se “encontrar muito fragilizado”, uma vez que envolveu o órgão distrital numa disputa interna apoiando um dos candidatos que acabaria por perder as directas contra Rui Rio.

“Ao contrário de há dois anos, Alberto Machado, desta vez, decidiu apoiar Paulo Rangel e esse apoio colocou-o em maus lençóis”, confidenciou ao PÚBLICO um apoiante do eurodeputado nas recentes directas.

Alberto Machado, que entrou há dois anos para a Assembleia da República como deputado pela mão de Rio, não pretende demitir-se e vai esperar pelo resultado das eleições legislativas de 30 de Janeiro. Só depois avaliará se tem condições políticas para fazer um novo mandato.

Perante o ambiente de alguma crispação que se instalou na assembleia distrital e tendo em conta os ataques feitos ao seu líder, Machado defendeu-se, afirmando que tomou uma “decisão livre” e que tinha direito a fazê-lo. E caso o presidente do partido - com quem se incompatibilizou -, não vença as legislativas, o deputado será de novo candidato à distrital do Porto, até porque o seu mandato só termina em Julho deste ano. No caso de Rio vencer as eleições contra António Costa, Machado dificilmente terá condições para se lançar num novo mandato.

Em declarações ao PÚBLICO, Alberto Machado lamenta a “trica político-partidária” e afirma que está ainda a meio do mandato para o qual foi eleito e que os estatutos lhe permitem concluí-lo até ao fim. Considera que o ataque que lhe fizeram na assembleia distrital em Felgueiras foi “disparatado” e “despropositado” e vira a agulha na direcção do líder. “A comissão política distrital está mobilizada para ajudar Rui Rio a vencer as eleições legislativas”, afirma, sublinhando que o “presidente do partido tem todas as condições para ganhar o país no dia 30 de Junho”.

Quanto a Paulo Rios, que o criticou na assembleia distrital do partido, diz que “devia ter vergonha: trata-se de um militante com responsabilidades acrescidas e como deputado à Assembleia da República devia estar empenhado em unir o partido. Só espero que o dr. Paulo Rios tenha coragem para me defrontar, não se furtando a ir a votos contra mim, como já aconteceu em anteriores eleições para a concelhia do PSD-Porto”, atirou o também vereador da Câmara do Porto.

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