Primeiro-ministro do Haiti foi alvo de tentativa de assassínio
Ariel Henry estava numa cerimónia religiosa para assinalar a independência do país. A responsabilidade foi atribuída a grupos criminosos.
O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, escapou a uma tentativa de assassínio no último sábado, durante as comemorações do Dia da Independência do país. O incidente acontece cerca de seis meses depois de o Presidente Jovenel Moïse ter sido assassinado.
Henry e a sua comitiva estavam na catedral de Gonaïves, uma cidade no Norte do país, numa cerimónia religiosa para assinalar o 218.º aniversário da independência do Haiti, quando um grupo de homens armados abriu fogo. Vídeos que circularam nas redes sociais mostravam o primeiro-ministro e a sua equipa a fugirem para os seus carros enquanto se tentavam proteger dos tiros.
Pelo menos uma pessoa morreu e outra ficou ferida durante a troca de tiros entre os homens armados e as forças de segurança que acompanhavam a comitiva de Henry.
O gabinete do primeiro-ministro citou “bandidos e terroristas” como responsáveis pela tentativa de assassínio. O líder de um grupo criminoso da região deixou ameaças a Henry antes da sua visita, de acordo com a Reuters.
“Sabia que estava a correr um risco”, afirmou o primeiro-ministro numa declaração à AFP na segunda-feira. A imprensa local diz que há já quatro anos que nenhuma autoridade política nacional participava nas cerimónias do Dia da Independência em Gonaïves, onde a declaração foi assinada, por receio de confrontos e riscos à sua própria segurança.
“Não podemos permitir que bandidos de qualquer perfil, motivados pelos interesses financeiros mais rasteiros, possam chantagear o Estado”, disse Henry.
O ataque contra o primeiro-ministro, que assumiu o poder logo a seguir à morte de Jovenel Moïse, em Julho, expõe as dificuldades que as instituições estatais têm sentido para afirmar a sua autoridade num país assolado pela violência do crime organizado, a corrupção e os efeitos económicos e humanos de desastres naturais cada vez mais frequentes.
A instabilidade política crónica do Haiti acentuou-se com a execução de Moïse, morto durante um raide nocturno ao Palácio Presidencial cujos contornos permanecem difusos. O próprio primeiro-ministro está implicado no caso e o seu Governo tem tido dificuldade em recolher legitimidade por parte da população.