Subida aos infernos
Uma entrada sem pudor nos infernos perturbadores, nos fascínios da carne. Uma investida sem medos nos labirintos do vasto mundo.
A epígrafe inicial do segundo livro de poesia de Duarte Drumond Braga (depois de Voltas do Purgatório, Língua Morta, 2015), instala, em simultâneo, o protocolo e o seu contrário. Convocar um poeta central da poesia portuguesa como Mário Cesariny é impedir qualquer reverência e convidar a liberdade, a sedição. Ao citar “é da natureza das coisas/ ser-se visto/ pelos porteiros”, a sabotagem já se gerou, com o embate do geral, de índole teorizante — “natureza das coisas”, fórmula consagrada —, e a particularidade derrisória e corrente, que persiste no vocábulo e, mais do que isso, na presença inusitada mas banal de “porteiros”.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.