Mariana tem 20 anos e cria infusões “com alma portuguesa”: são chás do mundo com plantas de Portugal

Mariana Alves reparou que durante os confinamentos e restrições da pandemia andava a “beber mais chá”: criou a marca Karavela e desenvolve receitas com ervas e frutas de pequenos produtores biológicos.

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O chá Azul real mistura chá oolong com centáurea azul e calêndulas dr

O Chá Karavela “foi uma ideia da pandemia”, explica Mariana Alves. No ano passado, aos 19 anos, esta estudante de Engenharia Mecânica que desde pequena se habituou a “beber infusões em folha”, notou que, com os confinamentos e restrições impostas pela pandemia de covid-19, andava a “beber mais chá”. E se isso se passava com ela, era natural que se passasse com mais pessoas.

Pensou então que poderia criar uma oferta de chás diferente dos de saqueta que encontramos em todos os supermercados. “Os nossos chás são 100% naturais, sem aromas adicionados, sem químicos ou conservantes. Têm apenas a planta do chá e ervas aromáticas”, descreve, sublinhando que a Chá Karavela trabalha exclusivamente com pequenos produtores locais para poder assegurar-se da qualidade dos produtos e “das condições de trabalho”.

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A infusão Noites Tranquilas dr

Apesar de estes serem biológicos, a marca ainda não pode ser certificada como tal, mas pretende vir a sê-lo no futuro. “Demos muita importância à qualidade de matéria-prima porque os nossos chás não têm qualquer tipo de açúcar, ao contrário do que acontece com muitos dos de saqueta, que têm aromas sintéticos e por vezes concentrações altíssimas de açúcar para lhes dar sabor.”

Quanto à planta do chá, vem de países como a China, a Índia e o Japão, sempre de “micro-produtores biológicos”. As receitas, que combinam os diferentes chás com as várias ervas aromáticas, são desenvolvidas pela própria Mariana, que os apresenta como chás “com alma portuguesa”. Entre eles há, por exemplo, o D. Catarina de Bragança, “em homenagem à rainha que introduziu o chá como bebida social na corte inglesa”, e que é composto por chá branco Pai Um Tan ou Peónia Branca, “colhido à mão” e do qual são utilizados apenas “as primeiras folhas tenras”. A ele, Mariana juntou folhas de hortelã-pimenta, lavanda e pétalas de rosa.

Para o Natal criou uma mistura especial e com aromas mais frescos dos que do ano passado – se 2020 teve laranja, canela e chá preto, 2021 entrou pelo olival e pela floresta com folhas de oliveira, eucalipto e lúcia-lima. “É natalício, mas mais verde, com um aroma mais próximo do dos pinheiros”.

O que Mariana pretende é “ir diversificando”, cruzando chás diferentes – o verde, o preto, o branco, o azul, o vermelho – sendo que todos vêm da mesma planta, a camellia sinensis, mas as folhas são colhidas em momentos diferentes e tratadas de formas distintas. Assim, por exemplo, para o Azul Real, Mariana usa o chá oxidado oolong, também conhecido como chá azul e mistura-o com centáurea azul e calêndulas; para o Bérrio, com o qual evoca uma das caravelas da expedição de Vasco da Gama à Índia, usa chá preto Assam, canela, gengibre e cravo da Índia; e no Jasmim, ao chá verde junta flores de jasmim. Há ainda infusões como a Noites Tranquilas, com camomila, cidreira, verbena, erva príncipe e perpétua rosa.

O site do Chá Karavela, que vende igualmente bules e outros acessórios, tem informações sobre todos os chás (5,99 cada) e as infusões (4,99€) e ainda o modo de preparação, com a temperatura mais indicada para cada um, o tempo de infusão e a quantidade.

O projecto é para crescer, garante Mariana, e ideias de novas receitas não lhe faltam. Com os dias de Inverno e a pandemia a forçarem-nos a ficar mais por casa, acredita que a muitos irá apetecer (mais) uma chávena de chá.

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