PSD conquista presidência da assembleia de Alvalade

Dois meses depois de ter tomado posse, a mesa da assembleia passou do PS para o PSD, que também lidera a junta. Esquerda denuncia “aliança” de PSD/CDS com o Chega, mas estes partidos negam entendimentos.

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Dois meses depois, junta e mesa da assembleia têm agora a mesma cor partidária Miguel Manso

A presidência da assembleia de freguesia de Alvalade passou do PS para o PSD na reunião que se realizou nesta terça-feira à noite. Há três semanas, a mesa da assembleia tinha sido destituída, mas a eleição de uma nova mesa não chegou a ser feita.

O vogal do Chega, como o próprio assumiu no fim da votação, mudou o seu sentido de voto face a Outubro e viabilizou assim a nova mesa, presidida pelo social-democrata José Moreira da Silva.

Como o PÚBLICO noticiou, na primeira reunião da assembleia a 20 de Outubro, as duas listas concorrentes à mesa (uma do PSD, outra do PS) ficaram empatadas com nove votos favoráveis e um voto nulo. Depois, numa votação uninominal, ambos os candidatos à presidência tiveram mais votos contra do que a favor, acabando por tomar posse o socialista José Ferreira por ter estado mais bem posicionado na lista às autárquicas.

Havendo uma maioria de direita na assembleia, o desfecho da eleição – secreta – logo causou surpresa em alguns sectores. Nesta terça, no entanto, não a houve: a lista de Moreira da Silva teve 10 votos a favor, a de José Ferreira teve nove.

“A coligação PSD/CDS, à primeira oportunidade que teve, decidiu aliar-se à extrema-direita para deitar abaixo um órgão que antes tinha aceitado”, criticou Afonso Moreira, do BE. “PSD e CDS aliam-se a Chega para fazer maioria em Alvalade.”

José Augusto Vaz, vogal do Chega, confirmou então o que já dizia nos bastidores. “Eu votei contra as duas [listas]”, disse, referindo-se à votação de 20 de Outubro. “Hoje, para desbloquear, votei nesta mesa e não me arrependo disto”, concluiu.

“Quis-se fazer parecer que isto era tudo uma questão de um imbróglio jurídico, mas fosse uma questão jurídica e ter-se-iam pedido os pareceres. Mas não, isto foi uma disputa política”, disse também Afonso Moreira. Pelo PCP, Sérgio Morais opinou que “demitir uma mesa eleita” era “um acto que envergonha este órgão” e também concordou que “não foi um acto de cumprir a legalidade, foi um acto político”.

“Nós dissemos desde o início que o objectivo não era destituir a mesa que estava em funções, era regularizar um vício do acto eleitoral”, contrapôs Miguel Henriques, do PSD. “Não existe uma aliança maior do que a que existia na altura de campanha”, acrescentou. “Nós não fizemos nenhuma coligação pós-eleitoral.”

Outro ponto da agenda de terça era a eleição de um novo executivo da junta de freguesia por alegada irregularidade do actual, suscitada por José Ferreira. Porém, isso não chegou a acontecer porque José Amaral Lopes, o presidente da junta, garantiu que a legalidade tinha sido cumprida.

Sérgio Morais, do PCP, avisou que estava ainda a aguardar um parecer da Direcção-Geral das Autarquias Locais sobre o assunto. Mas Moreira da Silva arrumou a questão. “Neste momento não é já possível invocar qualquer ilegalidade que possa eventualmente ter existido”, disse, argumentando que o prazo para reclamar junto dos tribunais administrativos findou sete dias depois da tomada de posse.

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