Eu vejo como não consegues nunca deixar de ser mãe

Eu vejo-te, com esse recém-nascido nos braços com todo o teu instinto a funcionar de novo, como se tivesse sido ontem que embalavas os teus filhos.

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"Eu vejo como te conténs para não te irritares" DR

Querida Avó,

Eu vejo-te, um bocadinho afastada a olhar para a tua filha em plena subida de leite. Vejo o teu olhar a transbordar de amor, de orgulho e preocupação.

Eu vejo-te, com esse recém-nascido nos braços com todo o teu instinto a funcionar de novo, como se tivesse sido ontem que embalavas os teus filhos. Eu vejo o teu olhar de dor quando te tiram o miúdo dos braços com uma ligeira ponta de desprezo (ou será só cansaço?) pela forma como estás a deitá-lo porque “toda a gente sabe que já não se faz assim”.

Eu vejo-te a dormir com o bebé ao colo, sem medo que se ‘habitue mal’, sem pudor, sem reservas. Eu vejo como rezas antes de te deitares pelos teus filhos e os teus netos. Para que “Deus os guarde”, e morras antes deles.

Eu vejo o amor que pões naquele cozinhado especial que sabes que adoram e como ficas ligeiramente magoada quando deixam metade no prato e correm para os iPads deixando tanto na travessa. Eu vejo como te conténs para não te irritares e a culpa com que ficas quando sai uma “boca” que era mesmo bem-intencionada, mas que saiu mal!

Eu vejo como o teu coração fica mais pequeno quando os netos que corriam para o teu colo agora se colam às pernas da mãe e choram para ficar em tua casa. Eu vejo como não consegues nunca deixar de ser mãe.

Não te preocupes, filhos e netos estão por estes dias demasiado cansados para te dizerem obrigada, mas como eu, também eles vêem! E não esquecem.

Merry Christmas Mãe-Avó,

Ana


Querida Filha,

Obrigada por este presente de Natal. Agradeço-te em nome de todas as mães-avós que, às vezes, precisam de ouvir estas coisas. Mesmo quando, na verdade, não duvidam do vosso amor.

Feliz Natal Filha-Mãe,

Mãe


No Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. Mas, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam. Facebook e Instagram.

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