Cúmplice ou bode expiatório? Júri vai decidir qual o papel de Ghislaine Maxwell nos abusos sexuais de Jeffrey Epstein
Os jurados começaram a deliberar na segunda-feira ao fim do dia e deverão prosseguir a sua análise esta terça-feira.
O júri do julgamento de Ghislaine Maxwell começou a deliberar na segunda-feira sobre se a socialite britânica recrutou e preparou menores para encontros sexuais com Jeffrey Epstein ou se é apenas um bode expiatório para os crimes do falecido financeiro.
Ghislaine Maxwell, de 59 anos, é acusada de recrutar e aliciar quatro raparigas adolescentes para Epstein entre 1994 e 2004. As então adolescentes menores, agora mulheres na casa dos 30 e 40 anos, testemunharam que Maxwell fez com que considerassem normal tocar em Epstein, e declararam que a própria Ghislaine, por vezes, tocava nos seus corpos.
No julgamento, que decorreu nas últimas três semanas no tribunal federal de Manhattan, a ex-namorada de Epstein declarou-se inocente das acusações de tráfico sexual e outros crimes, tendo recusado testemunhar, considerando que o Estado não tinha conseguido provar o seu envolvimento “para além de uma dúvida razoável”.
“A vossa função é pesar as provas do caso e determinar se o Estado provou ou não que a sra. Maxwell é culpada para além de qualquer dúvida razoável”, instruiu a juíza distrital americana Alison Nathan antes do início das deliberações. Os jurados deliberaram durante pouco menos de uma hora na segunda-feira e retomarão as deliberações esta terça-feira.
Antes, durante as alegações finais, a procuradora Alison Moe acusou Maxwell de ser a “parceira no crime” de Epstein, considerando que a socialite, que namorou com Epstein, via nesse apoio ao financeiro uma forma de manter o seu opulento estilo de vida.
Alison Moe argumentou que a presença de Maxwell fazia com que as raparigas se sentissem confortáveis com a ideia de passarem tempo com Epstein, considerando que, se não fosse a presença da mulher, as menores teriam considerado o convite de um homem de meia-idade “assustador” e dado conta dos “sinais de alarme”. “Epstein não conseguiria ter feito isto sozinho”, concluiu.
Laura Menninger, advogada de defesa de Maxwell, contra-argumentou que a arguida é uma “mulher inocente” que os procuradores tinham visado porque Epstein já não está vivo. O financeiro suicidou-se em 2019 numa cela da prisão de Manhattan, enquanto aguardava julgamento por abuso sexual.
Menninger argumentou que as memórias das mulheres tinham sido corrompidas pelo passar do tempo, acusando-as ainda de estarem à procura de ganhar dinheiro e, por isso, terem alterado as suas histórias, já que nenhuma mencionou o nome da britânica nas conversas iniciais com as autoridades. As quatro mulheres disseram ter recebido milhões de dólares de um fundo de indemnização de vítimas estabelecido pelo património de Epstein.
“Todas mudaram as suas histórias quando o fundo de indemnização das vítimas de Epstein foi aberto”, lembrou Menninger. “Isso deve fazer-vos hesitar.”