A notícia da saída de Jeff Garlin da série que retrata a vida de uma família norte-americana nos anos 1980 surgiu, pela primeira vez, no site de notícias sobre Hollywood Deadline, que relatou que o actor enfrentava acusações de “várias alegações de má conduta e investigações por parte dos recursos humanos” no local de filmagens dos The Goldbergs. Não se sabe ainda se a série, que está na sua nona temporada, vai continuar.
Uma fonte próxima à produção que falou sob condição de anonimato disse que foi por mútuo acordo, entre Garlin e a produção, que o actor deixa a série. Por seu lado, a Sony Pictures Television, que produz a The Goldbergs, não quis comentar o assunto, assim como os representantes do actor também não responderam às perguntas enviadas pelo The Washington Post. Um funcionário da sitcom da ABC descreveu Garlin como “extremamente abusivo verbal e emocionalmente”.
Há três semanas, a Vanity Fair entrevistou Jeff Garlin sobre as acusações que pendem sobre ele — além das acusações de abuso verbal, também incluíam alegações de que o actor tocaria ou abraçaria colegas de trabalho sem o seu consentimento. Nessa entrevista, o actor atribuiu muito do seu comportamento — palavras e acções — ao facto de ser um comediante que faz piadas. “Os limites são para ser quebrados”, dia a dada altura. O actor referiu que as queixas que tinham chegado aos recursos humanos, há três anos, eram sobre ele e as suas “palermices no set”.
Então, Jeff Garlin disse que não tinha sido despedido da série e que se mantinha em contacto com a Sony, que ele e os produtores estavam a tentar chegar a um acordo. Num determinado ponto dessa entrevista, a jornalista Maureen Ryan insiste na pergunta se o actor tratava os colegas de trabalho com respeito, uma vez que alguns deles tinha recorrido aos recursos humanos por se sentirem desconfortáveis ou “humilhados”. O actor negou que tenha tido comportamentos sexistas ou sequer que os tenha testemunhado no local de filmagens.
O comediante admite que gosta de abraçar as pessoas, mas que são abraços rápidos, que não os considera ofensivos, acrescentando que sempre respeitou as mulheres e que preferia que, em vez de terem feito queixa dele nos recursos humanos, que o tivessem confrontado. “No meu mundo, gostaria que alguém se tivesse dirigido aos produtores da série, ou que viesse ter comigo e dito: ‘Não me sinto confortável quando me abraça.’ E eu teria respeitado isso. Respeito quem quer que seja. Respeito as pessoas, mas é preciso que dêem um passo em frente. E eu não respeito as generalizações de ofender alguém... Eu vejo meu trabalho como — eu consigo outras coisas com ele, não me entenda mal —, mas que é uma forma de aliviar a dor das pessoas. Esse é realmente o meu trabalho. E a ideia de que traria dor a qualquer um deixa-me terrivelmente triste.”
Garlin nega ter participado ou testemunhado um comportamento sexista nas filmagens da série, e conta que não diz muitas asneiras em set, que o que costuma dizer é “Oh, a minha vagina” quando se levanta, que é uma piada. Quando a jornalista afirma que várias pessoas lhe disseram que uma vez enviou uma mensagem a uma colega, sugerindo que fizesse um ensaio com ele, mas que levasse pouca roupa vestida, o actor responde: “Mas tudo o que escrevo assim é uma brincadeira. Respeito as mulheres e os seus corpos. E eu não faço piadas sobre isso, porque não acho engraçado.”
Perto do final da entrevista, o actor reconhece que, como um dos actores principais da sitcom da ABC e como produtor da popular série da HBO Curb Your Enthusiasm, tem uma posição de poder. Contudo, insiste que sempre tentou tratar todos à sua volta com “gentileza e respeito”. “Eu também me sinto à vontade para brincar com as pessoas, e claramente algumas das minhas piadas não estão a resultar e magoei-as”, diz. “Isso deixa-me triste.”
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução e adaptação: Bárbara Wong