Putin e Xi vão debater “situação internacional” esta quarta-feira

O Kremlin assume que a tensão é muito elevada na Europa e, por isso, quer consultar o seu aliado. A Rússia ameaça instalar mísseis nucleares de alcance intermédio perto das fronteiras europeias.

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Putin vai falar com Xi por videoconferência MIKHAIL METZEL / SPUTNIK/KREMLIN POOL / EPA

O Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, vão discutir a presente “situação internacional” esta quarta-feira através de uma videochamada, anunciou o Kremlin. O encontro acontece numa altura de elevada tensão nas relações entre os dois países e a NATO.

A Rússia tem sido visada por avisos quase diários contra uma potencial intervenção armada na Ucrânia, depois de ter estacionado um número inédito de soldados nas suas fronteiras. Já a China está na mira dos EUA, que têm pressionado o regime de Pequim pelos abusos de direitos humanos em Xinjiang, pelas ameaças veladas a Taiwan e pelas reivindicações territoriais no mar do Sul da China.

“A situação das relações internacionais, sobretudo no continente europeu, é muito, muito tensa actualmente e requer uma discussão entre aliados”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa esta terça-feira. “Assistimos a uma retórica muito, muito agressiva do lado da NATO e dos EUA, e isso obriga a uma discussão entre nós e os chineses”, acrescentou.

Os dois países têm dado sinais de uma crescente aproximação nos últimos anos, que coincide com a degradação das suas relações com o Ocidente.

A reunião bilateral também surge depois de o Presidente Joe Biden ter tido discussões remotas com Putin e com Xi.

Mísseis russos

O Governo russo está a ponderar instalar mísseis nucleares de alcance intermédio, caso persista a falta de progressos na negociação com os EUA de uma moratória em relação ao recurso a este tipo de armamento.

O aviso foi deixado pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Riabkov, e serve como mais uma fonte adicional de tensão entre Moscovo, Bruxelas e Washington.

Desde 1987 que as armas nucleares de alcance intermédio – que cobrem uma distância entre 500 e 5500 quilómetros – estão proibidas na Europa, na sequência de um tratado assinado pelo então líder soviético Mikhail Gorbachev e o Presidente norte-americano Ronald Reagan. Até 1991, ambos os lados destruíram perto de 2700 mísseis deste tipo.

Há dois anos, os EUA deixaram esgotar o prazo para a renovação deste acordo por considerarem que a Rússia o tinha violado através do desenvolvimento do míssil 9M729, conhecido pela NATO como “screwdriver”.

A NATO suspeita que a Rússia já tem armas deste calibre estacionadas na região europeia do país, a oeste dos Montes Urais, mas Moscovo nega a sua existência.

O Kremlin quer negociar um novo pacto de segurança com a NATO e tem usado a ameaça de desestabilização do Leste ucraniano, ocupado desde 2014 por grupos separatistas pró-russos, para tentar forçar o Ocidente. Moscovo tem visto as promessas de expansão da NATO para antigas repúblicas soviéticas, como a Ucrânia e a Geórgia, como uma ameaça à sua segurança nacional e quer garantias por parte da Aliança Atlântica de que isso não irá acontecer.

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