Chefe de gabinete de Mike Pence aceita colaborar com investigações à invasão do Capitólio

Marc Short esteve ao lado de Mike Pence no dia 6 de Janeiro, quando o então vice-presidente dos EUA foi levado para um bunker em fuga dos apoiantes de Donald Trump. E ajudou a convencer Pence de que não podia rejeitar a contagem dos votos do Colégio Eleitoral.

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Mike Pence resistiu à pressão de Donald Trump e contou os votos do Colégio Eleitoral Reuters/JONATHAN ERNST

A comissão do Congresso norte-americano que está a investigar a invasão do Capitólio por apoiantes de Donald Trump, a 6 de Janeiro de 2021, garantiu a colaboração do antigo chefe de gabinete do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.

Marc Short, de 51 anos, tem um conhecimento profundo sobre o que aconteceu nos dias que antecederam a invasão do Capitólio, e o seu testemunho pode ser decisivo para completar o puzzle das movimentações na Casa Branca no sentido de pressionar Pence a travar a eleição de Joe Biden como Presidente dos EUA.

Segundo a CNN, Short foi intimado a depor na comissão especial da Câmara dos Representantes há algumas semanas, mas a notícia da sua colaboração só foi confirmada esta terça-feira.

Com a colaboração de Short, e a notícia de que o antigo chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, também está disposto a participar nas investigações, a comissão especial da Câmara dos Representantes está a caminho de garantir depoimentos cruciais para a próxima fase: a realização de audições públicas, durante várias semanas, em 2022.

Como chefe de gabinete de Pence, Short esteve ao lado do então vice-presidente dos EUA no dia 6 de Janeiro, quando milhares de apoiantes de Trump invadiram o Capitólio numa tentativa de impedirem a contagem dos votos do Colégio Eleitoral — o último passo para a confirmação da eleição de um Presidente nos EUA. Durante a invasão, e no comício que a antecedeu, apoiantes de Trump gritaram “Hang Mike Pence” ("enforquem Mike Pence").

Short começou a integrar as equipas de Pence há uma década, quando o ex-vice-presidente dos EUA era congressista na Câmara dos Representantes. A relação estreitou-se nos anos seguintes, e Short acompanhou Pence para o gabinete de governador do Indiana (2013-2017), e depois para a vice-presidência dos EUA. Antes de ser escolhido para liderar o gabinete de Pence, Short foi o responsável pela ligação do trabalho legislativo entre a Casa Branca e o Congresso. 

O antigo chefe de gabinete de Pence esteve ao lado do ex-vice-presidente dos EUA em dois momentos cruciais: no dia 6 de Janeiro, quando Pence foi levado para um bunker, no Capitólio, para escapar aos invasores; e no dia 4 de Janeiro, na Sala Oval da Casa Branca, quando Trump e o advogado John Eastman pressionaram Pence a adiar a contagem dos votos do Colégio Eleitoral.

Nessa reunião, o advogado explicou a Pence de que forma, na sua opinião, o vice-presidente dos EUA (na sua qualidade de presidente do Senado por inerência) podia contornar o seu papel essencialmente decorativo na cerimónia de 6 de Janeiro, para rejeitar a contagem dos votos dos cidadãos de alguns estados onde Trump tinha sido derrotado.

Segundo os media norte-americanos, Short terá sido fundamental para convencer Pence de que as propostas de Trump e Eastman iam contra a Constituição e a lei federal dos EUA, e chocavam com as decisões dos tribunais e dos governos dos 50 estados norte-americanos que, nas semanas anteriores, tinham rejeitado queixas de fraude e certificado os resultados eleitorais.

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