Afurada é linda: uma exposição e um livro que retratam a presença humana, sem mostrar pessoas

A freguesia piscatória de Vila Nova de Gaia recebe uma exposição de fotografia que é uma homenagem de Pedro Verde Pinho, no Centro Interpretativo do Património da Afurada. Até 10 de Fevereiro, com entrada gratuita.

Pedro Verde Pinho
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Pedro Verde Pinho

Pedro Verde Pinho quis retratar "uma nova Afurada", na sua heterogeneidade, "apresentando outros personagens que não estamos habituados a ver". Assim nasceu um livro e uma exposição de fotografias com o mesmo nome, Afurada é lindao “cordão umbilical” que liga o trabalho final de curso e início da carreira do fotógrafo, que pretende celebrar a singularidade da terra onde nasceu através dos detalhes. “Gostava que as pessoas de lá vissem o livro e se reconhecessem”, conta ao P3.

Não estando a figura humana presente nas imagens, o autor serve-se das marcas identitárias das gentes da comunidade. "A fotografia com a fachada das duas portas e duas cadeiras e uma vassoura azuis (...) fez-me perceber como as pessoas colocam os seus objectos de uma forma cromática sem nem se aperceberem.”  

Contudo, não bastou apenas pertencer ao lugar para o reconhecer. O fotógrafo contou cerca de 16 sessões no local, entre Março e Julho de 2021, “para beber da sua identidade”. Ao mesmo tempo que apresenta “um retrato da Afurada", para além daquilo que é paisagem, expõe-se também a si mesmo enquanto artista. “É o meu take e a forma como me relaciono com o território.”

Fotografar a terra dos pescadores “de forma sistemática” e compreender o seu contexto socioeconómico fez Pedro Pinho entendê-la como um território onde as influências geracionais se alteraram muito rapidamente, tornando-se heterogéneo. “Não existe uma porta igual à outra”, exemplifica. No entanto, assume que “toda esta heterogeneidade é igual na sua diferença e é o que faz dela linda”, mote que utiliza para o título da obra.

A exposição sobre a Afurada marca o fim do curso no Instituto Português de Fotografia, após Pedro ter decidido largar a advocacia, em 2019. Uma mudança drástica que surgiu de forma impulsiva durante umas férias no Alentejo, quando decidiu comprar uma máquina fotográfica instantânea: “Houve uma espécie de diálogo com a câmara que me fez decidir investir em estudar Fotografia.” Após um semestre de curso, decidiu fazer disso vida.

Afurada é linda pode ser visitada até 10 de Fevereiro de 2022, no Centro Interpretativo do Património da Afurada – CIPA. A entrada é gratuita.

Texto editado por Ana Maria Henriques

Pedro Verde Pinho
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