Macron chega a acordo com Arábia Saudita para apoiar Líbano
O regime saudita impôs um bloqueio comercial ao Líbano por causa de declarações de um ministro que criticou a intervenção no Iémen.
A França e a Arábia Saudita fecharam um acordo para apoiar a reconstrução do Líbano, que vive uma grave crise económica e política há já vários anos. O Presidente francês, Emmanuel Macron, em visita ao Golfo Pérsico, mediou a resolução de um desentendimento entre Riad e Beirute.
Macron fechou o seu périplo pelo Golfo com uma visita a Jedá, onde foi recebido pelo líder de facto saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido pelas iniciais M.B.S.. A visita de Macron foi muito criticada por organizações de defesa dos direitos humanos, por ser entendida como um endosso a M.B.S., acusado de organizar a execução do jornalista Jamal Khashoggi, crítico do regime de Riad.
O Presidente francês rejeitou estar a apoiar M.B.S., mas justificou o encontro com o príncipe saudita como fundamental para o trabalho em “prol da estabilidade da região”. “Sempre fomos claros na questão dos direitos humanos neste caso”, garantiu Macron, em resposta às críticas.
No encontro com M.B.S., Macron tentou alcançar o apaziguamento entre a Arábia Saudita e o Líbano. O desentendimento entre os dois países foi desencadeado pela difusão de um vídeo em que o ministro libanês da Informação, Georges Kordahi, critica a intervenção saudita na guerra civil do Iémen, justificando a acção dos rebeldes houthis como uma forma de “defesa contra a agressão externa”.
As declarações de Kordahi, reveladas em Outubro, foram muito mal recebidas em Riad, que, em conjunto com aliados do Golfo Pérsico, impôs um bloqueio económico ao Líbano que veio aprofundar ainda mais a crise económica no país. Na sexta-feira, Kordahi demitiu-se, ajudando a tarefa de Macron.
Não foram dados muitos pormenores acerca do que pode vir a ser a ajuda saudita ao Líbano, mas Macron disse que os dois países vão começar a trabalhar pela estabilidade regional. “Com a Arábia Saudita, chegámos a entendimentos pelo Líbano: trabalhar juntos, apoiar reformas, permitir ao país que saia da crise e preservar a sua soberania”, escreveu Macron no Twitter.
Regresso a Cabul
Horas antes, no Qatar, o Presidente francês revelou que vários países europeus estão a ponderar reabrir as suas missões diplomáticas no Afeganistão. Desde Agosto, quando os taliban tomaram o poder, que a generalidade das embaixadas e consulados ocidentais abandonou o país.
“Estamos a pensar numa organização entre vários países europeus (…) um local comum, que permitiria a presença dos nossos embaixadores”, explicou Macron aos jornalistas em Doha.
No entanto, garantiu o chefe de Estado, esse regresso das missões diplomáticas não corresponde a um “reconhecimento político ou diálogo com os taliban”.
Na véspera, Macron tinha visitado os Emirados Árabes Unidos onde fechou um negócio no valor recorde de 14 mil milhões de euros para a venda de 80 caças Rafale. O acordo foi criticado pela Human Rights Watch por causa do “papel preponderante” do país do Golfo na guerra iemenita que já dura há sete anos e é responsável por uma catástrofe humanitária sem paralelo no mundo contemporâneo.