Benfica-Sporting: quase iguais, mas muito diferentes

Num jogo com limitações dos dois lados, é a equipa de Jorge Jesus quem tem mais a perder, enquanto os de Rúben Amorim chegam à Luz para tentar prolongar uma série de 11 vitórias consecutivas.

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Seferovic deverá reencontrar Adán esta noite LUSA/MIGUEL A. LOPES

Há um par de semanas ainda se pensava que a covid-19 tinha deixado de ser assunto no futebol português. Não havia restrições à entrada de espectadores e não havia registo de surtos significativos entre as equipas. Mas a realidade pandémica voltou a impor-se e o derby que teremos nesta sexta-feira na Luz entre Benfica e Sporting (21h15, BTV) não será aquele que se esperava. Mas também não será um derby em que o “velho normal” volta a dar lugar ao “novo normal”. O estádio não estará cheio mas haverá público, e há um jogador importante com covid que não irá a jogo, mas há gente mais do que suficiente dos dois lados para haver equipas completas no relvado e bancos de suplentes sem lugares vagos.

A pandemia deixa a sua marca neste derby da 13.ª jornada em duas vertentes. Por um lado, era expectável que a Luz enchesse para mais um capítulo de uma rivalidade histórica. Mas a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo (PCR, 72 horas antes; antigénio 48h antes) para além do certificado de vacinação completa poderá afastar muita gente do “clássico” – os “encarnados” estimam que a Luz não atinja sequer metade da lotação, talvez entre os 20 ou 30 mil espectadores. Ainda assim, será melhor do que os dois “clássicos” da temporada passada, disputados sem público nas bancadas.

Depois, há a questão das ausências por casos positivos e, nesse sentido, este derby não será, até ver, muito atingido - pelo menos não da forma surreal como sucedeu no confronto do último sábado, entre B-SAD e Benfica. Entre Benfica e Sporting, há apenas um caso positivo, o de Coates, o que não quer dizer que não possa haver mais até à hora (tardia) do jogo. Mas essa ausência será uma das narrativas do jogo desta sexta-feira, porque o central uruguaio é, provavelmente, o jogador mais importante do Sporting, não apenas pelo que faz na defesa, mas pela sua influência nas bolas paradas ofensivas (já marcou quatro golos) e pela liderança que exerce em campo.

Nesta sua segunda visita à Luz como treinador do Sporting, Amorim reconhece a falta que Coates lhe vai fazer nos dois lados do campo. “Se precisarmos de um segundo avançado para o jogo de cabeça, não temos. O Coates é mais do que um jogador para nós. Faz falta o Coates defesa e goleador. Vivemos muito das bolas paradas, e, por isso, tivemos de trabalhar e preparar outras coisas”, reconheceu o treinador, que também tem de lidar com a ausência de outro jogador nuclear, João Palhinha, de fora do derby devido a uma lesão muscular. Neto será quase de certeza o substituto do capitão, enquanto Palhinha verá o seu lugar ocupado por Ugarte ou Bragança.

Já o Benfica, ao contrário do que acontecera no derby da primeira volta no ano passado (em que até Jorge Jesus esteve em confinamento), apresenta-se sem casos positivos, mas com uma ausência de peso na defesa. Lucas Veríssimo, lesionado na recepção ao Sp. Braga, não joga até ao final da época e a solução encontrada pelo técnico “encarnado” foi adaptar André Almeida à posição, para jogar ao lado de Otamendi e Vertonghen.

Um ponto de diferença

Não há muito a separar Benfica e Sporting na tabela classificativa. Os “leões” partilham a liderança com o FC Porto, ambos com 32 pontos, mais um que o Benfica (31). Os “encarnados” foram perfeitos durante sete jornadas (sete vitórias), mas a derrota com o Portimonense à 8.ª ronda, mais o empate na Amoreira à 10.ª, tirou a equipa de Jesus do comando, por troca com os dois rivais (que ainda não perderam no campeonato). E uma nova derrota afastará ainda mais o Benfica do topo, podendo ainda ter um efeito nefasto na decisiva jornada europeia a meio da semana.

Esta diferença mínima de pontos entre os dois rivais de Lisboa não reflecte o momento de ambos. O campeão nacional chega ao derby com vontade de prolongar uma série vitoriosa de 11 jogos, que incluiu um moralizador apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, enquanto o Benfica tem sido bem menos regular em termos de resultados: nos últimos 11 jogos, os “encarnados” têm cinco vitórias, três empates e três derrotas.

E também há semelhanças no perfil táctico das duas equipas (na essência, 3x4x3, com algumas variações), mas as dinâmicas são bem diferentes e os números ajudam a explicar. O Sporting é a equipa que menos golos sofre – apenas quatro, sendo que os “encarnados” não são muito piores neste aspecto, com sete golos encaixados. Já o Benfica é a equipa que mais marca – 34, um número inflacionado pelos sete que marcou no Jamor em meio “jogo” com a B-SAD, mas, ainda assim, bem superior aos 19 marcados pelos “leões”.

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