Marcelo diz que é preciso reforçar as estruturas de vacinação, agora também para as crianças
Presidente elogia a “resistência” dos profissionais de saúde, numa farpa à ministra da Saúde, que falou na necessidade de contratar médicos mais resilientes.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta quinta-feira que Portugal tem de “reforçar as estruturas de vacinação”, não só para responder “ao problema do reforço” nas pessoas mais velhas e à “extensão” da terceira dose às camadas já vacinadas, mas também para responder “à entrada na vacinação” das crianças.
Falando aos jornalistas, em Braga, pouco depois de a Agência Europeia de Medicamentos ter anunciado o parecer favorável da vacinação de crianças entre os cinco e os 11 anos, Marcelo Rebelo de Sousa antecipou-se ao Governo na reacção, deixando clara a sua posição. “É uma boa notícia”, afirmou, acrescentando que “as autoridades de saúde já tinham manifestado abertura” nesse sentido, até porque “subiam os números de contágios entre as crianças”.
Esse alargamento exige, porém, um “esforço suplementar” nos trabalhos de vacinação, disse ainda, deixando um reparo à forma como está a decorrer o processo da terceira dose nos idosos, a que se referiu como “um problema”.
Questionado sobre as declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, que na véspera defendera que uma das soluções para colmatar a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) passa por contratar profissionais mais resilientes, o Presidente disse não querer “alimentar querelas que não existem”.
Mas, depois de enquadrar as declarações de Marta Temido, acabou por responder: “Se há característica que os profissionais de saúde demonstraram no último ano é a resiliência, [no sentido de] resistência.” “O Governo reconheceu isto várias vezes, eu condecorei simbolicamente alguns profissionais de saúde”, afirmou. Portanto, disse ainda, “na cabeça de todos – portugueses, Parlamento, Governo – os profissionais de saúde são muito resistentes”. “Tomara muitos de nós serem tão resistentes como eles são e serão”, afirmou.
Na área da saúde, o Presidente definiu quais devem ser os desafios prioritários neste momento: “Acelerar a vacinação, preparar a passagem da pandemia para a endemia e investir para que o Serviço Nacional de Saúde possa enfrentar a recuperação de consultas, cirurgias e tratamentos que foram adiados por causa da pandemia.” Um verdadeiro caderno de encargos para as autoridades do sector.
Questionado sobre as medidas que se prevê serem aprovadas em Conselho de Ministros, reunião que decorria enquanto o chefe de Estado falava, Marcelo repetiu não querer antecipar o que compete ao Governo, mas foi dizendo ser necessário “não entrar em temores, angústias e medos”, até porque “o medo está largamente ultrapassado graças à vacinação”.
Na sua perspectiva, é preciso encontrar “o equilíbrio entre o bom senso e o juízo no cumprimento de regras sanitárias fundamentais” com “a noção de que a vida continua” e que “não há comparação” entre os números da pandemia de hoje e de há um ano atrás.