Uma nova Casa para a Loewe em Lisboa

Histórica marca espanhola abre a sua primeira loja na Avenida da Liberdade na era Jonathan Anderson. “As pessoas não poderão compreender o que eu fiz com a marca até se entrar numa loja.”

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Um espaço do interior da loja na Avenida da Liberdade, em Lisboa Loewe

Uma nova loja de moda de autor na Avenida da Liberdade, em Lisboa, é sinónimo de algum luxo, de uma inauguração festiva e de uma nova injecção visual na capital portuguesa. Desta vez, a nova inquilina da avenida é uma loja, mas que se apresenta como uma casa: a Casa Loewe, a primeira loja própria da centenária casa espanhola, chega esta quinta-feira mobilada com design de renome e decorada com peças de arte, erguida sobre pilares revestidos a azulejos Viúva Lamego, mas sobretudo recheada com a pequena revolução que o conceituado designer norte-irlandês Jonathan Anderson levou a cabo na marca. “Sinto que as pessoas não poderão compreender o que eu fiz com a marca até se entrar numa loja”, diz o criador ao PÚBLICO.

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Loewe

A Casa Loewe tem como morada o número 207 da Avenida da Liberdade, um edifício histórico com exterior restaurado, e uma área de 400m2 para albergar não só todas as linhas da marca espanhola — pronto-a-vestir masculino e feminino, joalharia, acessórios e as incontornáveis e seminais marroquinarias (peças de pele, sobretudo carteiras e malas) da Loewe —, mas também um recheio que a completa à chegada a Lisboa. “Provavelmente teríamos aberto mais cedo em Lisboa se não tivesse sido a pandemia. Estou muito feliz por irmos abrir porque é um mercado importante para mim”, diz Jonathan Anderson numa entrevista a propósito do novo espaço, que será publicada na próxima edição da revista Ímpar.

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Jonathan Anderson Loewe

A linha que Jonathan Anderson sugere para a Loewe revitalizou a marca espanhola, actualizando-a de uma forma que gera elogios de rara unanimidade. As lojas são, para o autor multifacetado, uma extensão da sua linha criativa. “Para mim cada loja é um trabalho muito pessoal. Trabalho com a arquitecta residente na escolha das peças de arte que se integram na loja, nos acabamentos, cada detalhe ínfimo. Há sempre um entusiasmo [ao abrir uma nova loja], independentemente de onde ela for. Porque é a parte de que gosto mais”, comenta Anderson sobre um novo espaço que servirá para mostrar mobiliário contemporâneo como as poltronas Utrecht e cadeiras Steltman de Gerrit Thomas Rietveld ou a mesa Floating Stone de Axel Vervoordt.

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A mesa Floating Stone

Em termos de peças de arte, a Casa Loewe tem nas suas paredes e espaços a escultura em acrílico sobre papier-mâché Forest (2019), de Erika Verzutti, Bowl (2014), uma cerâmica do artista japonês Takuro Kawata, ou vasos de carvalho esculpidos por Jim Partridge e Liz Walmsley, bem como obras dos finalistas do Loewe Foundation Craft Prize 2019 — uma escultura da série Dichotomy (2019), do artista britânico Harry Morgan, e Collection of Contained Boxes (2018), uma composição de três peças da artista britânica Andrea Walsh.

“É uma loja nova, com um novo ADN e com produtos novos”, continua Jonathan Anderson, que fala a partir de Paris. “Estou na Loewe há sete anos, mas para mudar uma rede demora perto de dez anos, por isso esta será a primeira vez que as pessoas em Portugal poderão ter uma imagem completa do que é a Loewe hoje.” Um trabalho em curso, pergunta o PÚBLICO quase retoricamente. Mas um sorriso surge do outro lado do ecrã. “Sim, temos de ser muito pacientes neste trabalho”, diz calmamente o designer.

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Jonathan Anderson tem 37 anos e uma carreira tanto ligada à irreverência na sua marca em nome próprio, a JW Anderson e as suas propostas marcadas pela fluidez de género, quanto à paixão pela manufactura e pelo artesanal, que encontrou o seu par quando se uniu à Loewe. A Loewe, fundada em 1846 em torno do trabalho no couro, tem como centro nevrálgico as suas oficinas em Madrid e agora Paris, para onde Anderson mudou a sede da direcção criativa da marca para ficar um pouco mais perto da Londres onde o seu responsável mor habita.

As propostas da Loewe durante a pandemia foram elogiadas pela sua cor e vitalidade, mas também pela forma como as decidiu apresentar numa altura em que não eram aconselháveis ou possíveis desfiles — ou com desfiles numa caixa, experiências sensoriais que iam revelando o que poderia ter sido a atmosfera de um desfile, ou com desfiles na parede, experiências digitais imersivas para projectar o que era a sua colecção. Agora, preconiza o regresso com visitas a lojas como aquela que agora inaugura em Lisboa. Que, sinal dos tempos desejantes do ar livre, tem um terraço de 75 m2.

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