Operadores têm dez dias para pagar as licenças 5G

As empresas de telecomunicações que participaram no leilão de frequências deverão pagar nos próximos dez dias úteis os 566 milhões de euros correspondentes ao encaixe para o Estado pela atribuição das novas licenças.

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Operadores mantêm críticas e acções em tribunal contra o leilão 5G, conduzido pelo regulador, Cadete de Matos LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A Anacom aprovou esta terça-feira o relatório final do leilão de frequências para o 5G, seguindo-se agora um prazo de dez dias úteis para que a Dense Air, Dixarobil, Meo, Nos, Nowo e Vodafone paguem pelos respectivos direitos de utilização de frequências.

“As empresas têm agora um prazo de 10 dias úteis para efectuar o depósito do montante final, sendo na sequência desse depósito emitidos os títulos” de utilização das frequências, revelou a entidade reguladora presidida por João Cadete de Matos.

À Dense Air foram atribuídos quatro lotes de frequências (por 5,765 milhões de euros), à Dixarobil oito lotes (67,3 milhões) e à Meo, 12 lotes (125 milhões).

A Nos ficou com 15 lotes (165 milhões), a Nowo com sete (70 milhões) e a Vodafone com 11 lotes (133 milhões).

Uma vez efectuado o pagamento, a Anacom irá proceder à emissão dos títulos e, a partir desse momento, as empresas que já estiverem preparadas poderão lançar as suas primeiras ofertas comerciais 5G - algo que se espera que aconteça o mais tardar no início de 2022.

O que salta à vista na conclusão deste processo longo, iniciado ainda em 2020, é que o ambiente entre as empresas e a Anacom continua a ser tenso.

O leilão terminou no dia 27 de Outubro, ao fim de 200 dias, com um encaixe total de 560 milhões de euros, dos quais 84 milhões relativos à fase reservada a novos entrantes, que terminou a 11 de Janeiro e que foi disputada pela Nowo (até à data sem operação móvel suportada em rede própria) e pela Dixarobil.

Já a fase de licitação principal, em que além da Nowo e Dixarobil, participaram a Dense Air (operador grossista), Nos, Meo e Vodafone, iniciou-se a 14 de Janeiro, tendo-se arrastado até ao final de Outubro, com um total de 1727 rondas sucessivas.

Pelo meio, a Anacom mudou regras do leilão para acelerar o processo, aumentando o número de rondas diárias e forçando as empresas a licitar com incrementos de preço maiores.

E, no final do procedimento, responsabilizou as maiores empresas pelo “arrastamento excessivo”, assegurando que a culpa foi dos concorrentes que “sistematicamente recorreram aos incrementos [de licitação] mais baixos, de 1%”, em particular a Nos e a Meo.

Mas, na sua pronúncia ao projecto de relatório final (que antecedeu a versão final aprovada nesta terça-feira pelo conselho de administração da Anacom), os operadores voltaram a criticar o regulador não só pelas regras definidas para o leilão (incluindo a reserva de espectro para novos entrantes e o acesso obrigatório destas empresas às redes já existentes), mas também pela forma como este procedimento decorreu.

“É patente o insucesso do processo de leilão pelo tempo que demorou, pela falta de segurança e clareza, entre outros aspectos, que se devem exclusivamente à actuação do regulador, que assumiu integralmente o desenho, aprovação e publicação do regulamento do leilão”, declarou a Vodafone, na pronúncia divulgada pela Anacom.

“Não pode naturalmente aceitar-se qualquer tentativa da Anacom de responsabilizar os licitantes pela delonga verificada no procedimento e pelo consequente atraso no lançamento do 5G em Portugal”, acrescentou a empresa, referindo que “a estratégia dos licitantes foi estabelecida em função e no cumprimento escrupuloso das regras” que o regulador definiu, com o objectivo de cada um de “maximizar as suas chances de obter o resultado que pretendia”.

Também a Meo rejeita culpas: “Responsabilizar os operadores por seguirem, alegadamente de forma deliberada, estratégias de prolongamento do leilão não é justo nem apropriado, já que os operadores se limitaram a aplicar as regras existentes – cuja aprovação foi da responsabilidade exclusiva da Anacom”.

A empresa do grupo Altice sustenta ainda que “a opacidade quanto ao número de participantes no leilão e a respectiva procura de espectro em cada categoria pode ter dificultado a compreensão dos posicionamentos em jogo, atrasando desnecessariamente o desfecho do leilão”.

A Nos salientou o facto de o projecto de relatório apresentado pela Anacom não reflectir “os factos relativos à contestação de que o regulamento tem sido alvo desde o processo que conduziu à sua aprovação em Novembro de 2020” e lembra que o “regulamento foi e continua a ser alvo de ampla contestação”, tendo sido desenvolvido com base em pressupostos “errados” como o de que “o sector das comunicações em Portugal não é competitivo” e de que a existência de mais operadores “é sinónimo de mais concorrência”.

Em comum, as três principais empresas destacam o facto de manterem as suas acções em tribunal contra o regulamento de leilão aprovado pela Anacom e contra as alterações que foram feitas já com o leilão em andamento.

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