Hera, a missão europeia que se segue
Em 2026, a missão Hera da Agência Espacial Europeia vai visitar Dimorphos para analisar o local do impacto no asteróide.
A missão DART, a cargo da agência espacial norte-americana NASA, vai demonstrar (ou não) se é possível desviar um asteróide da sua rota. Em 2026, é a vez da Agência Espacial Europeia (ESA) executar a sua manobra em nome da defesa planetária. Neste caso, a missão Hera (que conta com o contributo de empresas portuguesas) vai inspeccionar o que aconteceu ao asteróide depois do impacto da DART.
Na verdade, as missões da NASA e da ESA focadas no mesmo asteróide e na defesa do planeta estão ligadas uma à outra por vários motivos desde o objectivo até mesmo com a redundância de alguns especialistas e entidades que participam nos dois programas, apesar de serem concedidos e executados de forma independente. A missão Hera que será lançada em 2024 deverá atingir em 2026 o sistema binário de asteróides que será desviado pela DART. No entanto, a ESA também vai colaborar com o fornecimento de alguns dados importantes no momento do lançamento de DART.
Foi necessário muito trabalho para chegar ao ponto de lançar esta primeira missão de defesa planetária – desejamos aos nossos homólogos americanos um grande e merecido sucesso”, comenta Ian Carnelli, que coordena a missão Hera da ESA, citado num comunicado. Depois do esperado impacto de DART, a Hera irá avaliar os danos causados, as marcas deixadas no asteróide.
“DART e HERA foram originalmente concebidas numa base coordenada de naves espaciais duplas, com uma missão para realizar a deflexão e a outra para realizar medições de precisão do resultado”, explica ainda Ian Carnelli, adiantando que a construção das duas missões foi separada, mas a colaboração internacional foi mantida através do Asteroid Impact and Deflection Assessment, ou AIDA, consórcio científico. “E embora o par seja concebido para funcionar separadamente, o seu retorno científico global será grandemente impulsionado pela capacidade de combinar os seus resultados”, refere.
A DART parte na madrugada desta quarta-feira e deverá espatifar-se no corpo mais pequeno do sistema binário de asteróides Didymos em Setembro de 2022. Enquanto o sistema de asteróides Didymos manterá o seu movimento em torno do Sol sem perturbações, espera-se que a colisão mude a órbita da dupla de objectos apenas uma fracção de 1% - suficiente para ser medida com telescópios e radares baseados na Terra.
Mas será preciso saber mais do que veremos a partir da Terra ou mesmo com os telescópios espaciais confirmando a esperada mudança de rumo depois do embate em Dimorphos, o corpo mais pequeno do sistema binário. Assim, alguns anos depois a Hera chegará ao local para ir buscar algumas das respostas em falta, sobre a composição e estrutura interna do asteróide, bem como o tamanho e a forma da cratera deixada por DART.
Com estes dados, será mais provável e mais fácil repetir esta manobra. “Hera ajudará a transformar a experiência de impacto em grande escala da DART numa técnica de deflexão bem compreendida e repetível - pronta para ser utilizada se um asteróide for alguma vez avistado em direcção à Terra”, refere a ESA.
Há três empresas portuguesas (a GMV, a Efacec e a Synopsis Planet) que participam na missão espacial Hera, anunciou há um ano a Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space), que adiantou ainda que o país decidiu contribuir com 2,8 milhões de euros para o envelope financeiro da missão.