Dani Alves esquece idade para ajudar a rejuvenescer o Barcelona

Internacional brasileiro apresentou-se de chinelos, como em 2008, para voltar a pisar o relvado de Camp Nou e ajudar os mais novos a perceberem o que significa o gigante catalão.

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EPA/Enric Fontcuberta
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Reuters/ALBERT GEA

Cinco anos depois de ter pedido para sair, então com 33 anos de idade, contrato por mais uma época e seis Ligas espanholas, três Ligas dos Campeões, três Mundiais de clubes e três Supertaças europeias​, o internacional brasileiro Dani Alves apresentou-se em Camp Nou para cumprir a promessa deixada em 2016, quando garantiu que voltaria a vestir a pele culé.

O lateral-direito, de 38 anos e meio, tinha deixado o futebol europeu depois de passagens por Juventus e Paris Saint-Germain, para representar o São Paulo, onde fez quase 100 jogos em três épocas incompletas (entrou com a primeira em andamento e saiu com a última perto de acabar), e quando todos admitiam que o adeus ao futebol seria ao serviço do tricolor, Dani Alves surgiu no radar catalão.

Neste hiato temporal, Dani Alves acompanhou à distância o declínio do Barcelona, agora a braços com uma crise que esculpiu uma nova diagonal, ajudando à recuperação e revitalização de valores inalienáveis, como o espírito e o historial de referências do passado recente, numa receita que desonera e ajuda a aliviar os cofres do Barça.

Dani Alves não tem problemas em admitir e até assumir que foi preciso vencer a desconfiança antes de convencer o presidente do clube catalão, Joan Laporta, acabando a decisão por pertencer ao novo treinador, também ele uma referência “blaugrana” que regressa a casa para ajudar a reerguer o orgulho e um balneário profundamente ferido e exposto depois da saída de Lionel Messi.

Dani Alves apresentou-se de chinelos… em Novembro - como fizera, aliás, da primeira vez, em 2008 -, recriando o episódio da chegada original a Barcelona, após seis anos de Sevilha. E fê-lo com um propósito: recuperar a ambição do primeiro dia e vincar que não regressa a Camp Nou para um doce ou idílico pendurar de chuteiras.

Habituado a lidar com os fenómenos mais odiosos do futebol, como o racismo (descascou e comeu uma banana atirada para o relvado), e a não escamotear opiniões políticas, mesmo quando teve de dirigir-se ao presidente Jair Bolsonaro, em plena crise de covid-19, para lembrar da importância de não desvalorizar a pandemia, Dani Alves sabe que terá um papel importante na transmissão dos valores do gigante catalão, mas não se demite do essencial, que é provar, em campo, que pode e pretende fazer a diferença no relvado já a partir de Janeiro, altura em que reabrem as inscrições.

“Não venho para passar tempo. Quero lutar por um posto e pelo direito de jogar!”, atirou praticamente sem ângulo.

Numa cerimónia que contou com cerca de dez mil adeptos blaugrana, Dani Alves resgatou o último discurso na cidade condal, quando pediu para sair: “Na última vez em que peguei num microfone neste estádio, disse que não sabia se o sonho tinha acabado. Agora, o sonho disse-me que não acabou”.

“Sou mais um de vocês”, vincou Dani Alves para explicar o motivo deste regresso, que será emoldurado com a camisola número oito, a mesma de Iniesta ou Stoichkov... Mais uma feliz coincidência no que diz respeito ao reforço da responsabilidade assumida pelo brasileiro, um campeão com o currículo repleto, mas ainda incompleto.

Dani Alves não deixou de reconhecer a dívida de gratidão que tem para com o Barcelona  - “clube “que me deu tudo o que tenho” -, sentindo mais “prazer do que obrigação” neste regresso, em que o aspecto monetário era, claramente, secundário.  

“Falei com o presidente. Queria voltar e ajudar, mesmo que não me pagassem”, enfatizou, sem ignorar o momento financeiro do clube, que não está em condições de cometer loucuras. Como tal, foi a chamada de Xavi a fazer a diferença: “Ligou-me a dizer que contava comigo e a perguntar se queria voltar”, revelou, mostrando-se disponível para “ensinar o que é o Barça aos mais novos” e abrir a porta a outros regressos, como os de Iniesta e Messi.

“Se me derem um par de horas, vou buscar o Messi”, sugeriu, mesmo sabendo que essa é uma missão demasiado ingrata, embora ele próprio também já não pensasse – “nem nos melhores sonhos” - que um dia poderia voltar a Barcelona depois de “dar a volta ao mundo” e apresentar-se com o desejo de “celebrar novos títulos”.

Joan Laporta não enjeitou a ideia, especialmente do regresso de Messi, desvalorizando a idade de Dani Alves, que considera ser apenas um número, deixando em aberto todas as possibilidades.

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