Matos Fernandes: “Exploração do lítio é um caminho inevitável”
Ministro do Ambiente diz que lítio é “essencial para a descarbonização e para a digitalização” e que a Europa não se pode dar ao luxo de desaproveitar o facto de ter esta matéria-prima no seu território.
Portugal e a Europa fariam mal, no actual cenário de crise das matérias-primas, em não explorar o lítio que têm, defendeu este domingo o ministro do Ambiente, que classificou como “inevitável” a adopção deste caminho no país.
Em entrevista à TSF, João Pedro Matos Fernandes, disse não entender “porque é que a palavra lítio se transformou num palavrão”, defendendo não haver qualquer diferença entre a sua exploração e as “30 explorações de feldspato absolutamente pacíficas, sem qualquer problema ambiental” que actualmente existem em Portugal.
O ministro do Ambiente considerou ainda que seria um erro Portugal e o resto da Europa não aproveitarem o facto de terem no seu território esta matéria-prima, “essencial para a descarbonização e para a digitalização”. “A Europa tem 9% das matérias-primas consideradas críticas para o seu desenvolvimento. Sabemos bem o que é hoje, no momento pós-pandemia, a crise das matérias-primas e portanto faz mesmo mal a Europa, e Portugal, se não explorar as matérias-primas que tem”, afirmou, defendendo por isso que “a exploração do lítio é um caminho inevitável”.
Em relação aos impactos ambientais desta opção, o ministro esclareceu que a exploração terá de ser feita “com todas as exigências ambientais”, salientando que não há no Mundo “nenhum quadro de exigência ambiental que se possa comparar com o europeu”. Ainda assim, o responsável do Ambiente parece reconhecer, na entrevista à TSF, que a este nível ainda há melhorias a fazer. “Há uma coisa que podem dizer e dizem bem, que é assim: mostre-me alguma exploração exemplar mineira em Portugal ou na Europa. Tenho muito poucos exemplos para dar. Tenho de ter essa humildade”, disse.
Na entrevista à TSF, emitida no dia a seguir à conclusão da COP26, Matos Fernandes respondeu à acusação de que os líderes mundiais estão a fazer avanços insuficientes no combate às alterações climáticas. O ministro defendeu que as decisões que têm de ser tomadas não podem ser tomadas “na rua”. “Estes processos têm mesmo de ser liderados pelas democracias liberais e democráticas, pelas instituições, senão de outra forma quem nos acusa de blá-blá-blá, em bom rigor, não tem nenhuma proposta ou solução. E quem nos acusa de blá-blá-blá, certamente, é absolutamente incapaz de conduzir uma transição que seja justa”, afirmou.