Para somar o ponto que lhe falta, Portugal precisa de “paixão e confiança”

A selecção nacional defronta esta noite a Sérvia no último jogo da fase de qualificação para o Mundial 2022. Um empate garante o apuramento directo para o Qatar.

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Fernando Santos diz que o rival de Portugal não é equipa “que altere a sua postura” LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Fernando Santos não tem dúvidas de que “Portugal vai apurar-se e vai estar presente de forma directa no Campeonato do Mundo de 2022”, mas, para conseguir marcar presença pela 12.ª vez consecutiva em fases finais das duas principais competições da FIFA e da UEFA (seis Europeus e seis Mundiais), a selecção nacional terá de somar hoje (19h45, RTP1), no Estádio da Luz, pelo menos um ponto frente à Sérvia. Depois de um jogo de gestão frente à República da Irlanda, em Dublin, o seleccionador português deve proceder a sete alterações na “onze”, num confronto em que “nenhuma equipa vai jogar à maluca”.

Três dias depois de empatar na Irlanda, numa partida que pareceu um “frete” e na sequência da qual as críticas à exibição portuguesa foram muitas, mas em que o objectivo principal foi plenamente atingido - não depender de um triunfo no último jogo -, a “final” desta noite, frente à Sérvia, será, certamente, bem diferente do desgastante duelo com os irlandeses.

Num jogo em que “ganhar por 5-0 ou empatar era a mesma coisa”, palavras de Fernando Santos no final da partida no Aviva Stadium, o seleccionador português foi prudente. Sem necessitar de correr riscos, o técnico guardou na manga uma mão-cheia de trunfos importantes (Rúben Dias, João Cancelo, João Moutinho, Bernardo Silva e Diogo Jota), que esta noite serão lançados na partida do Estádio da Luz.

Pepe de fora

Para além da forçada saída de Pepe, por castigo - a pior notícia que Santos teve na Irlanda -, apenas impedimentos físicos evitarão que Dias, Cancelo, Moutinho, Bernardo Silva, Jota e Nuno Mendes (estava castigado em Dublin) regressem ao “onze”. Assim, em relação ao onze-tipo de Fernando Santos no apuramento para o Mundial 2022, a única novidade deverá ser a colocação de José Fonte no eixo da defesa, para substituir o central do FC Porto. Na prática, Portugal deverá apresentar-se em 4x3x3, com Palhinha, Moutinho e Bruno Fernandes no meio-campo; Bernardo Silva, Jota e Cristiano Ronaldo no ataque.

Do outro lado, Dragan Stojkovic sabe que a única forma que terá para evitar ter de disputar um play-off para chegar ao Qatar é montar uma equipa para ganhar em Lisboa. Tal como Fernando Santos, o seleccionador sérvio deixou de fora do jogo de preparação, que realizou na passada quinta-feira, frente ao Qatar, muitos dos habituais titulares, mas em Lisboa jogadores como Kostic, Tadic, Milinkovic-Savic, Vlahovic ou Mitrovic devem mesmo surgir em campo como principais perigos para a equipa portuguesa.

Duas equipas a tentar vencer

Fernando Santos recordou ontem que este será o sexto jogo entre as duas selecções desde 2015 — neste ciclo, registaram-se três vitórias portuguesas e dois empates —, e que a formação dos Balcãs, que “pensa sempre em ganhar”, “joga numa linha de três laterais projectados, três médios, dois jogadores na frente”. Embora na partida contra o Qatar Stojkovic tenha colocado a sua equipa num 3x4x3, contra Portugal deverá recuperar o 3x5x2, o “plano A” dos sérvios desde que o antigo médio do Estrela Vermelha, Marselha e Nagoya Grampus assumiu o comando da selecção do seu país.

Porém, como salientou Santos, qualquer que seja o esquema táctico, o rival de Portugal não é equipa “que altere a sua postura”: “Tem jogadores com qualidade, gostam de ter a bola, de circular. Os jogadores conhecem-se bem. Serão duas equipas que vão tentar vencer o jogo.”  

Olhando para a sua, o treinador português não se mostrou particularmente preocupado com a importância do jogo — “Carga emocional é algo a que estamos habituados” —, ou sequer com questões de ordem táctica. “Quando se joga contra adversários que não se conhecem, temos de tentar explicar melhor aos jogadores, mas neste caso não.”

De resto, Fernando Santos prefere salientar os pontos em que os portugueses terão de estar ao melhor nível, para poderem superiorizar-se aos sérvios. “É importante organização, concentração, paixão e confiança. É nisso que nos devemos centrar para sermos uma equipa forte a atacar, com capacidade de fazer golos”, disse.

A terminar, mesmo antevendo que “Portugal vai impor o seu registo e a Sérvia também” e que não acredita que seja “um jogo de paciência”, o seleccionador português afirma que “nenhuma equipa vai jogar à maluca - nem a própria Sérvia que precisa de ganhar”, destacando uma das habituais debilidades dos sérvios, historicamente pouco rigorosos tacticamente: “Se se desequilibrarem, têm mais riscos a correr.
 

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